Este artigo pretende analisar a recepção crítica de The Third Bank of the River, a tradução para a língua inglesa de Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa, bem como observar a postura tradutória de Barbara Shelby frente aos desafios linguísticos peculiares a este livro. Para isto, aproximarei vários trechos do texto fonte e de sua respectiva tradução em tabelas, observando um importante recurso da obra rosiana: a criação de trocadilhos a partir da subversão de expressões idiomáticas de uso consagrado. Com base nos dados analisados, o objetivo deste exercício é compreender até que ponto a tradução de Primeiras Estórias está mais próxima dos ideais de domesticação ou de estrangeirização e em que medida o plano estético, centro da obra de Guimarães Rosa, consegue ser reproduzido no processo de tradução. Oportunamente utilizo também a coletânea The Jaguar and other stories, na qual David Treece reúne e traduz oito contos de Guimarães Rosa, entre eles seis de Primeiras Estórias.
Palavras-chave: Recepção, Tradução, Literatura.
Esta tese analisa a tradução de Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa, para a língua inglesa e tem como foco principal o efeito estético de seu projeto literário. Após breve panorama sobre a obra do autor, bem como acerca dos Estudos da Tradução, a base teórica do trabalho é construída a partir de CAMPOS (1963), que explica sobre a transformação de informação estética em semântica, sobre o conceito de máquina da tradução, de transcriação e das consequências das escolhas dos tradutores e em LLOYD (2014) e o conceito de multidimensionalidade, que ratifica a importância da análise de elementos culturais na tradução. A análise da obra será feita a partir da comparação de trechos do livro em língua portuguesa e de traduções de três autores em língua inglesa: The Third Bank of the River and Other Stories, produzida em 1968 por Barbara Shelby, a única que traduz toda a coletânea; The Jaguar, feita por David Treece em 2001, que contém seis narrativas de Primeiras Estórias e ainda outras três do livro Estas Estórias, também de Guimarães Rosa, lançado postumamente; e ainda a primeira tradução produzida a partir de Primeiras Estórias pelas mãos de William Grossman em 1967 para uma coletânea de autores brasileiros intitulada Modern Brazilian Short Stories. A análise é feita considerando a postura dos tradutores quando expostos aos fenômenos textuais mais representativos do projeto estético rosiano, tais como o uso de neologismos, dinamizações, oralidade e outros experimentalismos linguísticos.