Este ensaio explora a alegoria como manifestação da tensão entre elementos opostos no romance de João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas. Partindo de urna análise etimológica dos vocábulos diabo e sertão, argumenta-se que o embate entre dispersão e ordern atravessa todo o romance, do plano estrutural ao temático, explicitando-se no confronto entre duas ordens distintas: o mundo dos chefes jagunços, pautado em valores rígidos e estáveis, e o mundo moderno, da cidade e do progresso, em que esses valores, questionadas as premissas que os sustentavam, se rebelam e se dispersam. Busca-se responder a questão de qual seja o lugar de Riobaldo, protagonista e narrador, entre o mundo antigo em que urna ordern fixa e urna hierarquia de valores aínda eram possíveis e o mundo moderno posto em revelia.