Este artigo discute a melhor maneira de ensinar a complexa e pouco acessível obra de Guimarães Rosa para alunos norte-americanos, estendendo o debate à sua tradução para o inglês e aos métodos mais eficazes para a apresentação do mundo ficcional do escritor mineiro. Para se obter resultados satisfatórios na sala de aula, propõe-se um tipo de leitura que dê privilégio à vertente universalista e unlversalizante da ficção rosiana, ao contrário do método que geralmente procura explorar suas dimensões regionalistas. Este ensaio ainda examina e contra-argumenta opiniões de estudiosos preocupados com a recepção dos livras de Guimarães Rosa e que veem nestes matérias de pouco intéresse para o leitor atual.
Este ensaio explora a alegoria como manifestação da tensão entre elementos opostos no romance de João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas. Partindo de urna análise etimológica dos vocábulos diabo e sertão, argumenta-se que o embate entre dispersão e ordern atravessa todo o romance, do plano estrutural ao temático, explicitando-se no confronto entre duas ordens distintas: o mundo dos chefes jagunços, pautado em valores rígidos e estáveis, e o mundo moderno, da cidade e do progresso, em que esses valores, questionadas as premissas que os sustentavam, se rebelam e se dispersam. Busca-se responder a questão de qual seja o lugar de Riobaldo, protagonista e narrador, entre o mundo antigo em que urna ordern fixa e urna hierarquia de valores aínda eram possíveis e o mundo moderno posto em revelia.
Partindo dos conceitos de liminaridade e mediação, este artigo focaliza o motivo da criança na obra de João Guimarães Rosa, com ênfase na novela "Campo Geral," de Corpo de baile. O motivo da criança corporifica algumas das preocupações centrais de Guimarães Rosa sobre a existência humana, tais como a dialética entre visão e cegueira, e a busca de urna unidade para além da fragmentação do real e dos binarismos impostos pela cultura ocidental, bem como sobre a função mediadora da literatura.