Em Grande Sertão: Veredas, as imagens figuram a experiência longínqua, realizando-se em forma e matéria. Um jogo com diversos componentes formais obedece a regras e a estratégias preciosas de duração na elaboração narrativa. Essas estratégias constituem um modo de organização que se estabelece a partir de elementos inseparáveis: a manipulação da experiência passada pelo narrador conjugada à perspectiva de presente.
Neste artigo desenvolvemos reflexão sobre as formas de afeto em Grande Sertão: Veredas; determinantemente a relação mal disfarçada em amizade entre Riobaldo e Diadorim. Na configuração do discurso memorialístico irrompe a conclamação do amor e do desejo de Riobaldo por Diadorim.
O tema da donzela-guerreira engendra processo configural que retoma matizes de composição do tema na cultura popular. O que podemos perceber pelas variantes da produção oral é a manutenção do molde da donzela-guerreira européia que chega até nossos dias como herança do processo de colonização. O romance brasileiro, ao tratar desta donzela, fundamentalmente nos dois romances aqui analisados, Grande sertão: Veredas e Memorial de Maria Moura, insere-a em novo espaço, o sertão, permitindo, assim, uma reelaboração da performance e o aprofundamento de elementos configurais que apenas estavam apresentados na produção oral; a saber, a dinâmica da guerra, a composição do bando, a instituição da marginalidade.