João Guimarães Rosa, em Magma, recria espaços do interior do Brasil, em consonância com uma visão identitária nacionalista, concernente a aspectos do Modernismo brasileiro, e, no poema “Paraíso filosófico”, em processo ecfrástico, tais espaços associam-se ao locus grego, delineando a visão
mítica que o poeta imprimirá em seus versos.
Nos vinte e seis poemas de O BURRO E O BOI NO PRESÉPIO (Catálogo esparso), publicados
postumamente em Ave palavra, o olhar do poeta João GUIMARÃES ROSA percorreu formas, volumes,
cores, linhas, perspectivas, luzes e contrastes de quadros medievais e renascentistas e fixouse
nas imagens do burro e do boi, redimensionando-as poeticamente. Nessa re-dimensão dada aos
quadros pelo poeta, perpassam relações entre a literatura e as artes plásticas, entre a poesia – e a
poesia de João Guimarães Rosa – e a pintura, aspectos estes entranhados nas formas de realização
artística do Modernismo brasileiro que representam um modo de construção poética singular na literatura brasileira do século XX. Poeticamente, o autor/poeta, numa perspectiva intertextual, fundiu estilos literários e pictóricos e recriou, por meio de sua particularíssima linguagem, aspectos da região do interior de Minas Gerais, estabelecendo ligações de espaço e de tempo diversos, traduzindo a pintura para a poesia, por meio