O objetivo deste trabalho é verificar o processo de renovação da literatura por meio do trabalho de Italo Calvino em I nostri antenati e João Guimarães Rosa em Primeiras estórias. A base da comparação será estruturada através de um diálogo intertextual entre as obras. O projeto de ressignificação das obras enquanto conjunto somado à visitação ao passado da tradição literária norteia a análise das narrativas, configurando as consonâncias poéticas investigadas nessa pesquisa. A aparente ruptura com a estética da década de 50 promove o movimento convergente das duas obras e instiga a inovação dos valores atribuídos à estética dita pós-moderna.
Após a consagração e a surpresa em Grande sertão: veredas (1956) de Guimarães Rosa, obras
posteriores ficaram um tanto desprestigiadas, como é o caso de Primeiras Estórias (1962). Mais
uma vez o sertão surge como espaço de identificação poética, contudo, agora, dentro de um projeto
de caracterização nacional, mediado pelos espaços urbanos. A visada sobre o conjunto dessa obra
nos permite fazer uma leitura tanto do processo histórico de modernização do Brasil quanto um
mergulho nas tradicionais raízes da narrativa. É exatamente na investigação desse entroncamento
que procuraremos delinear a convergência literária que anuncia os valores estéticos que vão
determinar a poética roseana.