Versão editada da conferência “A força de um inferno: Rosa e Clarice nas paragens da diferOnça”, ministrada no IEL-UNICAMP, 2013. Partimos da transcrição realizada pelo Laboratório de sensibilidades (https://laboratoriodesensibilidades.wordpress.com/2018/04/23/a-forca-de-um-inferno-rosa-e-clarice-nas-paragens-da-diferonca-transcricao-da-palestra-de-eduardo-viveiros-de-castro-no-ifch-unicamp/), que foi conferida e revisada por Ingrid Vieira, e alterada e corrigida visando a publicação escrita por Alexandre Nodari. Posteriormente, o autor acrescentou passagens e modificou o texto com vistas à desoralização estilística, sem no entanto apagar o caráter de palestra falada.
Este artigo propõe uma reflexão acerca da linguagem como abertura para novas formas de vida. A partir de um diálogo com a novela “Cara-de-Bronze”, de Guimarães Rosa, e com textos de Wittgenstein, Viveiros de Castro, Beckett, entre outros, busca-se pensar na língua como passagem, como silêncio e como esquecimento. Ao observar a materialidade atuante na escrita performática, o trabalho procura mostrar a linguagem como um espaço de encontro com as diferenças do outro e com a indeterminação da vida. O silêncio não deve ser compreendido como ausência de som, e sim como uma escuta que atenta para os ruídos do mundo ao redor, possibilitando assim o surgimento de outras sensibilidades.