Este artigo tem por objetivo estudar de que modo é figurada a morte da personagem Maria Behú, de “Buriti”, Noites do sertão (1956), de João Guimarães Rosa e os símbolos que a ela se agregam. Para tanto, investigamos as focalizações narrativas que incidem sobre Behú, construindo sua imagem como beata, assexuada, atuante na esfera da metafísica, sendo a sua morte o início da intensa vivência da sexualidade pelos demais personagens. “Buriti” narra a estória dos habitantes da fazenda Buriti Bom e daqueles que por lá transitam e as mudanças que ocasionam na vida uns dos outros. Behú é a personagem que mais contrasta com o ambiente, pois dele difere por não apresentar marcas de erotismo ou vida plena. Behú funciona na novela como guardiã da tradição e da cultura, seus usos e seus costumes, estilizados pela linguagem roseana.
O presente estudo apresenta algumas reflexões sobre a personagem paterna em duas narrativas: Infância (1995), de Graciliano Ramos, e “Campo geral”, de Guimarães Rosa. Pretendeu-se demonstrar que há uma área de aproximação entre os dois universos ficcionais, que permite a visada comparada, mas há também diferenças significativas entre eles. Em Infância, o comportamento e as atitudes do pai se explicam principalmente por determinações objetivas; já em “Campo geral”, as bases de compreensão da personagem paterna estão também no modo como se conjuga com forças mais amplas, transcendentais.