O presente artigo tem por objetivo discutir a inflexão que o livro Primeiras estórias (1962) representa no conjunto da obra de Guimarães Rosa. Pretende-se demonstrar, em Primeiras estórias, como se opera o processo de corrosão da perspectiva conservadora que perpassa a obra rosiana até, pelo menos, Grande Sertão: Veredas (1956). Para tanto, analisaremos o conto “Nada e a nossa condição” de modo que se evidencie, para além da corrosão, a operação formal que está na base dessa corrosão. Não menos importante, sinalizaremos o modo pelo qual o conto lê nossa formação histórica e sugeriremos, de modo muito discreto, a forma pela qual a obra de Guimarães Rosa dialoga com nossa tradição literária.