Inscrevendo-se no coração da cidade moderna como espaço de (re)encontro do homem com os animais e uma natureza cada vez mais distante, o zoológico institui-se, na realidade, como um espaço artificial de marginalização e confinamento animal, reforçado as fronteiras entre o humano e o não-humano. Pretende-se pois, neste trabalho, indagar o modo como esse encontro entre o homem e o animal – através da jaula – é representado no texto literário, espaço privilegiado de apreensão da animalidade, porquanto nele o escritor tenta fixar, pela palavra articulada, a subjetividade dos animais, entrar, pelos poderes da ficção, na sua pele, imaginar o que eles diriam se falassem, conjeturar acerca dos seus saberes sobre o mundo e figurar a sua humanidade. Tomaremos como corpus de análise o conto “O búfalo” de Clarice Lispector (Laços de Família, 1960) e a série “Zôo” de João Guimarães Rosa (Ave Palavra, 1970), interpretados à luz das reflexões teóricas de autores como Gilles Deleuze, Jacques Derrida e John Berger.
O artigo analisa imagens de animais em cinco textos de João Guimarães Rosa publicados em Ave,
palavra. Nesses textos, intitulados “Zoo”, Rosa deixa delado a fauna sertaneja, tão característica de suas obras, e descreve animais de zoológicos e jardins públicos do Brasil e da Europa. São elencadas as similaridades e diferenças entre os contos, apontados os diversos recursos linguísticos explorados por Rosa na elaboração dessas poéticas imagens zoológicas.
A presente dissertação tem por objetivo a catalogação, descrição e análise do álbum ZOOS, coleção de recortes de jornais sobre animais, organizada pelo escritor João Guimarães Rosa, entre os anos de 1948 e 1951. Sem jamais ter chamado a atenção dos pesquisadores, o material preservou-se no arquivo pessoal do escritor, hoje sob a guarda do Instituto de Estudos Brasileiros, da Universidade de São Paulo, onde a presente pesquisa foi desenvolvida. Considerando o álbum como um tipo singular de livro-montagem, o estudo propõe estabelecer relações entre seu assunto principal e cinco textos de Ave, palavra (1970).
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