Essa tese faz uma releitura da obra Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, através de um técnica literária presente na Bíblia: o modelo tipológica ou “figural”, na qual o Antigo e o Novo Testamento se espelham, complementam-se e explicam-se através de arquétipo, mitos e metáforas, o que constitui por sua vez, a mímesis bíblica. O objetivo é fornecer uma interpretação sobre os recuos e avanços presentes na narrativa do romance. A metodologia utilizada foi aplicar o modelo bíblico de formato de “U”, do teórico canadense Nortrhop Frye, o qual reproduz a história de queda e ascensão da humanidade na Bíblia, e também sua classificação em imagens apocalípticas e demoníacas. Selecionados alguns episódios localizados nas duas partes de Grande Sertão: Veredas, tal como um espelho e similarmente ao modelo bíblico, evidenciamos que sua narrativa realmente possui “antecipações” e “confirmações” na primeira parte, e que se complementam na segunda, mas são afastadas na memória do protagonista devido ao sentimento de culpa, remorso e perda, representados através da alegoria Cantos de Israel, que representa um desejo de reconquistar um “paraíso perdido”. Os resultados demonstraram que o espelhamento no Grande Sertão: Veredas não apresentou-se de forma tão perfeita e encadeada como se esperava, entretanto a questão do “meio” na obra de Guimarães Rosa revelou-se mais uma vez fulcral na interpretação dos textos do autor, assim como a revitalização do conceito de mímesis.
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