Riobaldo, o narrador-protagonista de Grande sertão: veredas, demonstra, ao longo de toda a sua narrativa, grande preocupação com a questão do mal e com a figura do demônio; e afirma, mais de uma vez, que pode falar do assunto com particular propriedade. Durante boa parte do livro, entretanto, ele não explicita o principal motivo de o assunto interessa-lo tanto, nem o que lhe permite afirmar que é particularmente apto a falar sobre ele. Riobaldo propõe mistérios e, ao modo das narrativas de suspense, adia o seu esclarecimento. Diferentemente dessas narrativas, entretanto, quando ele enfim narra o episódio que teria motivado suas preocupações (o duvidoso pacto demoníaco), o “esclarecimento” que se dá não é suficiente para responder às questões que o inquietam. E coloca outras. Assim, o caminho da elucidação acaba levando à incerteza e à indeterminação.
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