A escrita do romance Grande Sertão: veredas permite ver matrizes poéticas, indicadoras de um movimento em círculo, que têm na repetição o seu traço de maior ênfase. A pedra trazida de Araçuaí, citada como pedra de topázio, safira, ametista, que passa de mão em mão num circular amoroso, remonta a uma brincadeira infantil, que consiste em passar um anelzinho de mão em mão. Privilegiando o viés estilístico da obra, encontro no “jogo-do-passa-anel” diretrizes para ler o trabalho com a linguagem e com a narrativa realizado por Rosa. A pedra, chamada pelo próprio personagem de pedra da “dávdiva”, tem um sentido que transita entre as matrizes da dúvida, da dádiva e da dívida. Assim, polida e esplendorosa, o livro de Rosa nos devolve a palavra "dúvida/duvidar", produto etimológico de um duo-habitare, de um residir no duplo. De fato, não se pode ler Grande Sertão: veredas senão como o lugar da dúvida, espaço de uma interrogação irresoluta, em que cada coisa se imbrinca dentro uma da outra, como
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