Este trabalho propõe-se a examinar as duas versões francesas de Grande Sertão: Veredas, separadas por um intervalo de quase trinta anos, e verificar como elas procuram recuperar a poética roseana. Para tanto, discute-se, com o auxílio dos críticos de sua obra e do próprio Guimarães Rosa em sua correspondência com seus tradutores, em que consiste essa língua especial que é o português-brasileiro-mineiro-guimarãesroseano, em que falado e escrito, realidade e ficção, prosa e poesia, sujeito e objeto são indissociáveis. A impossibilidade de submeter a escrita de Rosa a essas categorias estanques levou-nos a eleger o ritmo, tal como elaborado por Henri Meschonnic, como o conceito que poderia nos guiar nas análises das traduções do romance de Rosa. Desvendando o sujeito como ponto crucial do ritmo, Meschonnic recoloca todo escrito literário e toda tradução em sua história, fazendo-nos entender que os conceitos de poética que os regem são ligados às representações que certa época tem de literatura. A partir das críticas de imprensa, procuramos então reconhecer o universo literário peculiar que acolheu cada uma das versões de Grande Sertão: Veredas na França, para finalmente observar como cada tradução é manifestação da leitura historicizada da obra.
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