As estórias de Guimarães Rosa encerram um projeto poético-existencial que se dá a conhecer na estória “O espelho”, centro cordial do livro Primeiras estórias. Ali propõe-se a vida como um exercício contínuo de criatividade, do qual depende a proclamação de uma autonomia e a gênese de um si próprio, que se inaugura para a existência como autor do seu próprio devir. Apresentando inicialmente a estória rosiana e a plêiade de conceitos poéticos que ela engendra e promove, bem como a operação crítico-passional que a sua leitura requer, o presente trabalho toma a si a tarefa de interpretar duas estórias, uma de Primeiras estórias e outra de Tutameia. Terceiras estórias – “Darandina” e “- Uai, eu? ”respectivamente – mostrando o projeto rosiano em ação em duas situações radicalmente distintas, que, no entanto, guardam semelhanças suficientes, não só para realçar e dar concretude à ideia primordial da qual promanam, mas também para deixar transparecer um consórcio entre primeiras e terceiras estórias, irmanadas no que se poderia denominar o magistério rosiano do existir.
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