Setor de Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Letras
Amparado em Antonio Candido e Eduardo Coutinho, a presente pesquisa tem por objetivo investigar o estatuto do pensamento lógico e do pensamento mítico na obra de 1962, Primeiras estórias, de João Guimarães Rosa. Com efeito, em uma abordagem imanente das narrativas rosianas, e a partir do diálogo mais detido com estes dois comentadores e com outros pesquisadores mais recentes da fortuna crítica, construímos o que denominamos sistema composicional dos princípios antitéticos da obra. Esse sistema consiste em uma representação do que entendemos como o processo criativo do volume. Em verdade, esta matriz formal que articula dialeticamente os dois princípios do nosso sistema pode ser reconhecida em todas as narrativas do volume e em todos os níveis de análise. Deste modo, por meio do tensionamento entre o Mýthos e o Lógos, Primeiras estórias pode ser erigida a condição de poesia narrativa, ou prosoema, pois embaralha os gêneros da poesia e da prosa em estórias que atualizam o mítico e arcaízam o lógico, em um processo químico de criação. Assim, oralidade, primitivismo, coletividade e o pensamento metafísico-sobrenatural, próprios do princípio mítico, estão dialeticamente articulados com o individualismo, com o modernismo, o escrito e o pensamento físico-natural, pressupostos do princípio lógico. E a partir dessa dupla raiz composicional é possível reconhecer a unidade do volume, em seu barroquismo linguístico e na sua estrutura especular. Pois a narrativa medial de Primeiras estórias, O espelho, reflete esse sistema composicional dos princípios antitéticos linguisticamente e articula toda a obra simetricamente, à medida que sua unidade implica a duplicidade do Mýthos e Lógos enquanto palavra.
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