Esta tese tem como objeto de estudo a comparação dos romances Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, e A menina morta, de Cornélio Penna. O objetivo principal é analisar, nessas duas obras, tanto os mecanismos de funcionamento do poder político, tendo em vista, sobretudo, sua face violenta, como os significados de conviver e se relacionar com a alteridade. Com o objetivo de desenvolver essas duas linhas de reflexão crítica, alguns conceitos propostos por Roberto Esposito, Michel Foucault, Giorgio Agamben e Jacques Derrida foram abordados: comunidade, imunidade, herança, espectro, testemunho, perdão, justiça, biopolítica e estado de exceção. A leitura teórica é articulada com estudos clássicos da história política e social do Brasil, contrastando as diferentes perspectivas, a respeito da violência e da relação com o outro, presentes nas duas narrativas com as de autores do pensamento social brasileiro, como Raymundo Faoro, Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre e Maria Sylvia de Carvalho Franco. Portanto, acredita-se que este trabalho comparativo apresenta novas possibilidades de leitura, capazes de iluminar novas compreensões da história e da sociedade brasileira.
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