Este trabalho de pesquisa tem como objetivo explorar uma possibilidade de interseção entre diferentes campos do conhecimento para evidenciar capacidades e operações cognitivas instauradas pelos sujeitos leitores durante o processo de produção de sentido desencadeado na interação com um texto literário. Mais especificamente, pretende-se, com base no escopo metodológico da Poética Cognitiva e segundo a Teoria da Infância proposta por Giorgio Agamben, integrar uma possível leitura dos contos As margens da alegria e A menina de lá, de Guimarães Rosa, que remetem ao universo infantil, a uma explicação dos processos cognitivos de produção e compreensão de sentido, mostrando que tais processos são desencadeados por recursos estéticos, linguísticos e culturais e que neles estão envolvidos aspectos emocionais, atitudes sociais, papel do leitor em determinado contexto, associações, reconhecimento. Justifica-se a adoção da Poética Cognitiva, sabendo-se que esta é tomada não como uma teoria que limita o texto literário, mas como uma metodologia que oferece caminhos possíveis de leitura a partir dos seguintes princípios: (a) a produção de sentido está ligada a uma experiência corpórea; (b) a linguagem é um traço natural tal como as experiências perceptivas (tátil, visual, auditiva, olfativa e gustativa); (c) o sistema de categorização humana é provisório e dependente do contexto sociocultural. Quanto a escolha pela noção agambeniana de infância, ela se deve a uma tentativa de colocar em evidência a capacidade criativa da mente e os processos cognitivos que se mostram e falam no texto e também à tentativa de nos reconhecermos sujeitos infantes e, portanto, sujeitos de linguagem, visto que estamos sempre aprendendo a falar e, consequentemente, construindo nossa subjetividade.
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