Propomos com esta dissertação a análise de diferentes noções de justiça postas em movimento no romance Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa (1956), bem como as tensões daí decorrentes. Por justiça entendemos o conjunto de leis, normas e códigos que, ao menos em tese, asseguram a isonomia dos trâmites sociais e compõem uma relativa ética de conduta. Defendemos a hipótese de que essas noções de justiça obedecem à lógica base do romance - que responde também pelo conjunto de sua estruturação formal, temas, motivos e linguagem - assentada sobre um núcleo em contínuo movimento. Para alcançarmos esses objetivos, propomos o diálogo a respeito da lógica da narrativa, a partir dos estudos de Antonio Candido (1957, 1970), Walnice Nogueira Galvão (1972), Davi Arrigucci Jr. (1994) e José Antonio Pasta Júnior (1999). Em seguida, discutimos como experiência literária e percepção social se cruzam e se articulam delineando uma imagem de nação dilacerada, conforme sugere Willi Bolle (2004). Por fim, a aproximação do romance de Guimarães Rosa, por vias indiretas e ficcionais, com a realidade brasileira compõe um estudo cujo objeto de fundo é o passado e o presente de nossa democracia, seus limites e desafios.
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