A infância e a vida adulta de João Guimarães Rosa já ganharam as páginas de biografias, memórias e estudos que evidenciam a sua genialidade e, por vezes, ultrapassam o aspecto formal das biografias para o leitor adulto, transformando-se em obras específicas para o público infantil e juvenil. “João, o menino Rosa”, de Lúcia Fidalgo (2011), e “João, Joãozinho, Joãozito: o menino encantado”, de Claudio Fragata (2016), são exemplos dessas ocorrências. A primeira é uma biografia para crianças e a segunda é uma obra literária juvenil inspirada na vida, sobretudo na infância de João Guimarães Rosa. Este artigo, resultante de pesquisa qualitativa de natureza aplicada, procura perceber em que medida os dois autores contemporâneos se colocam em diálogo com algumas publicações de teor memorialístico sobre o autor mineiro. Não se pretendeu refazer o itinerário de pesquisa dos dois autores, embora tenha sido inevitável embarcar nos seus percursos criativos para concluir que, nas suas elaborações, as reminiscências da vida do autor mineiro evidenciadas nas memórias de seu tio, sua filha e de especialistas, estão pulsantes, à espera do leitor infantil e juvenil. Assim, a vida de João Guimarães Rosa não constitui um círculo fechado e intocável, e é nesse sentido que o exercício que se realiza aponta para o aproveitamento de suas memórias na composição da escrita para crianças e jovens na atualidade.