Tendo por base, principalmente, o ?esquema passional canônico? do ciúme proposto por Fontanille (Jalousie. 2003), analisamos os triângulos amorosos que se constituem no conto "Desenredo", de Guimarães Rosa, em torno de um único ator, ardilosamente denominado Livíria, Rivília, Irlívia, Vilíria.
Este artigo é parte de nossa pesquisa de iniciação científica, realizada durante o ano de 2010, que teve como objetivo analisar a construção do ator “criança” em quatro contos de Primeiras estórias, de João Guimarães Rosa. Como em toda obra de Rosa, neste livro, os atores representam não só a cor local, mas adquirem dimensão universal. Entre os atores de Primeiras estórias encontramos a figura de fazendeiros, vaqueiros, lavradores, marginais, loucos, mas as crianças têm um lugar especial nessa obra. O ator “menino”, protagonista do texto de abertura do livro rosiano, intitulado “As margens da alegria”, é objeto desta análise, que se vale dos pressupostos teóricos da semiótica francesa. É importante lembrar que o ator “menino” também se concretiza no conto final do livro “Os cimos”, e em ambos os textos ele se instaura primordialmente como sujeito cognitivo e passional. Objetivamos analisar, pois, a construção do ator “menino”, no texto em análise, visando a observar a forma como ele se defronta com o processo de aquisição do saber sobre os estados efêmeros dos momentos de alegria ao longo da travessia da vida e como se dão as transformações em seus estados de alma e em suas crenças a partir da aquisição desse objeto cognitivo.