O presente trabalho busca estabelecer aproximações entre as obras do brasileiro Guimarães Rosa e do português Miguel Torga, ambos do século XX. A partir de estudos críticos, como as análises de Walnice Nogueira Galvão, Antonio Candido, Benedito Nunes, Massaud Moisés, Cid Seixas, entre outros, apresentam-se as noções de regionalismo e universalismo que perpassam as obras de ambos os ficcionistas. Através de uma análise intertextual dos contos "A menina de lá" e "O cavaquinho", analisar-se-ão como as personagens-crianças fazem parte de universos distintos de infância. Pretende-se, assim, estabelecer um cotejo entre os contos em questão, apresentando semelhanças e distinções neles presentes, no que tange aos temas e aos procedimentos utilizados.
O artigo lança um olhar sobre textos primorosos dos escritores Guimarães Rosa e Miguel Torga, dois dos maiores autores em Língua Portuguesa: os contos “A benfazeja” e “A Maria Lionça”, respectivamente. Nos dois textos, de uma sensibilidade e beleza peculiares, foram identificados os elementos que corroboraram para a construção de personagens femininas tão ricas e complexas, donas de uma força e generosidade que chegam a ser sobre humanas; a íntima relação que estabelecem com a paisagem, o local onde vivem – respectivamente o sertão brasileiro e a região de Trás-os-Montes, em Portugal –; e como os autores conseguiram tornar as duas narrativas, embora arraigadas aos costumes e experiências de suas terras natais, impregnadas de um profundo sentido universal.