Propomos a seguinte questão: “Será o Homem um ser de linguagem que só existiria a partir do momento em que conseguisse estabelecer uma comunicação com o Outro e com o Universo ao seu redor? No conto “A menina de lá”, que integra a obra “Primeiras Estórias”,nos deparamos com uma complexa personagem idealizada por João Guimarães Rosa. Trata-se da Nhinhinha – uma menina com menos de quatro anos de idade-, que nos revela a dificuldade da criança diante da necessidade de comunicar-se. Neste conto de João Guimarães Rosa, a personagem principal personifica a relação da criança com o poético. Esta relação entre criança e poesia pode ser constatada em várias instâncias. É imprescindível ainda levarmos em conta como uma criança processa as suas próprias reflexões e nos aprofundarmos em sua forma de raciocínio, apreensão e expressão destas.
As margens da alegria, conto que abre o livro Primeiras Estórias de João Guimarães Rosa, é lido neste artigo a partir de categorias do pensamento de Mikhail Bakhtin: tom emotivo-volitivo e exotopia. Estas categorias de análise fornecem a base para pensarmos a forma e o conteúdo do conto de João Guimarães Rosa sob uma perspectiva responsiva partindo da palavra (o material) como unidade mínima de sentido para uma compreensão arquitetônica do todo.