EntrevistasReportagens

O que fez a judoca Maria Suelen Altheman ir de medalhista mundial à treinadora

* Lucas Neri Bastos Costa e Lucas Xastre Zacari

A judoca Maria Suelen Altheman teve uma carreira de 17 anos de Seleção Brasileira com uma série de marcos esportivos importantes. Foram três participações em Olimpíadas, sete medalhas em mundiais – sendo duas de prata e uma de bronze de forma individual, além de outros quatro pódios por equipe – e duas medalhas de bronze em Jogos Pan-Americanos. Aos 34 anos, ela optou por deixar os tatames para se dedicar ao cargo de treinadora no Esporte Clube Pinheiros, clube do qual era atleta desde 2017.

Em conversa com os alunos da disciplina de Jornalismo Esportivo da USP, Maria Suelen contou sobre sua trajetória e as razões para a mudança na carreira. Nascida na cidade de Amparo, no interior de São Paulo,  começou a praticar judô em um projeto social da cidade aos 10 anos de idade. Quatro anos depois, decidiu começar a competir, saindo de sua cidade para treinar em São Caetano. “O apoio familiar foi fundamental nessa fase”, ela comenta.

Ao longo de sua carreira, foram mais de 60 medalhas internacionais. Além dos Mundiais e Jogos Pan-Americanos, Maria Suelen conquistou 18 pódios em Grand Prix, três em World Masters e 18 em Grand Slams. Suas participações em Olimpíadas também se destacam: na categoria acima de 78kg, ela conquistou um quinto lugar em Londres-2012, um nono lugar no Rio-2016 e um sétimo lugar em Tóquio-2020.

Na última participação em Jogos Olímpicos, Maria Suelen sofreu uma ruptura do tendão patelar do joelho esquerdo nas quartas de final, em luta contra a francesa Romane Dicko, medalhista de bronze daquela edição. A lesão levou a uma cirurgia na brasileira e ao amadurecimento da ideia de parar de competir. Segundo ela, não sentir falta de competições no período de recuperação foi um fator determinante e que acelerou o processo para se tornar treinadora.

A transição para a comissão técnica traz outra responsabilidade para Maria Suelen: “Eu preciso estar focada não no modo como eu fazia, mas em estudar as técnicas de modo geral para treinar os atletas”. No dia da entrevista, os atletas faziam um treino mais leve, em preparação para o torneio individual Troféu Brasil de Judô. A competição nacional vale vaga para os Jogos Olímpicos de Paris, a serem disputados entre 26 de julho e 11 de agosto de 2024.

Judocas treinando no Clube Pinheiros, sob treinamento de Maria Suelen Altheman. Foto: Lucas Neri Bastos Costa

O  campeonato individual também é acompanhado pela quarta edição do Grand Prix, disputado por equipes mistas, onde os atletas treinados por Maria Suelen defenderão o Pinheiros em busca do tricampeonato da competição contra outras 16 equipes. O clube da capital paulista conquistou o título do Grand Prix Nacional em 2019 e 2022, enquanto a primeira edição do torneio, em 2018, foi vencida pelo Instituto Reação, fundado pelo também ex-judoca Flávio Canto e sediado no Rio de Janeiro.

O Troféu Brasil acontece nos dias 14 e 15 de dezembro, enquanto o Grand Prix ocorre no dia 16, ambos na Arena UniBH, do Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte. Para assistir a competição presencialmente, a entrada é de 1kg de alimento não perecível. Os torneios também terão transmissão da Confederação Brasileira de Judô no seu site oficial e em seu canal do YouTube.

FOTO DA CAPA: Maria Suelen Altheman, atualmente treinadora do Clube Pinheiros. Foto: Lucas Neri Bastos Costa.

* Lucas Neri Bastos Costa e Lucas Xastre Zacari são alunos da disciplina Jornalismo Esportivo: a pauta além do futebol na ECA-USP