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A alegria do povo

Fonte: revistalaika.org

 

O documentário “Garrincha: A alegria do povo” (1963) retrata um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro com imagens do “Anjo das pernas tortas” em ação no Botafogo e na Seleção Brasileira, e também algumas cenas da vida particular do jogador.

O filme começa com imagens de um jogo do Botofogo no início dos anos 1960 alternando entre imagens do jogo e da reação da torcida sem nenhuma fala, depois de um tempo o narrador Heron Domingues fala um pouco da carreira de Garrincha, mostra a rotina de treinos no Botafogo e a preparação do time para entrar em campo.

Também há registros da vida particular do jogador, como ele comprando discos na cidade do Rio e depois dançando ao som deles com algumas das suas sete filhas na época ou passeando na sua terra natal, em Pau Grande, distrito de Magé (RJ). Acompanhando as imagens da casa, o narrador conta o fato de Garrincha morar em uma casa cedida pela indústria de tecidos no qual ele e toda a comunidade de Pau-Grande trabalhou. Garrincha é descrito como tendo sido um mau operário, que conseguia dormir mesmo com o barulho das máquinas, mas que não era despedido porque nos fins-de-semana era o destaque nos jogos do time de futebol da fábrica, assim era também Garrincha como jogador, segundo o narrador, ele era preguiçoso nos treinos, mas compensava nos jogos com atuações espetaculares.

O documentário valoriza mais as imagens, há poucos registros de falas de Garrincha e um depoimento do médico do craque explicando o por que das suas pernas tortas, no mais são só fatos contados pelo narrador, uma fala importante é quando o narrador discorre sobre a questão de como alguns políticos usavam a imagem de Garrincha para se promoverem politicamente usando a grande popularidade do jogador.

No fim do documentário, é mostrada a importância que Garrincha teve na conquista dos dois primeiros mundiais conquistados pelo Brasil (1958 e 1962), no segundo título a seleção brasileira perdeu o já consagrado Pelé por contusão e toda a responsabilidade recaiu sobre Garrincha que mostrou todo o seu talento e foi o grande responsável pela conquista brasileira.

O filme em seus pouco mais de 50 minutos tenta mostrar como o esporte, principalmente o futebol no Brasil, conseguem mexer com a cabeça do povo, de como uma tragédia igual a de 1950 deixou a população em choque e desanimada com o próprio País e vitórias iguais as de 58 e 62 podem deixar o povo cheio de alegria e pensando em um futuro melhor. Garrincha representa a alegria do povo brasileiro dentro de campo, seus dribles, suas jogadas, seu carisma, sua alegria, sua ingenuidade, são esteriótipos muitas vezes colocados em relação ao povo brasileiro, são pouquíssimos jogadores no Brasil, e bem provável no mundo, que exprimam tanto várias características de um povo como Garrincha, com certeza um dos maiores da história do futebol mundial, que sua alegria e sua história nunca seja esquecida por todos que amam futebol.

Curiosidades sobre Garrincha

  • Garrincha se chamava Manoel dos Santos. Mas no auge da carreira passou a assinar Manoel Francisco dos Santos, em homenagem a um tio homônimo que muito o ajudou.
  • O apelido Garrincha foi dado por uma das irmãs do jogador. É o nome de um passarinho muito comum na região em que Manoel dos Santos nasceu.
  • Com 14 anos, Garrincha começou a jogar no Esporte Clube de Pau Grande. Após uma rápida passagem por um clube de Petrópolis foi levado para testes no Botafogo.
  • No livro “Estrela Solitária: Um brasileiro chamado Garrincha“, Ruy Castro afirma ser verdadeira a história de que, nos minutos iniciais do primeiro treino, Garrincha deu vários dribles em Nílton Santos, que já era um dos principais jogadores do país.
  • O último gol profissional de Garrincha foi no dia 23 de março de 1972 pelo Olaria. O clube empatou em 2 a 2 com o Comercial de Ribeirão Preto.
  • Garrincha fez um jogo e um gol pelo Vasco em 1967 contra a Seleção de Cordeiro. A contratação não ocorreu devido a má forma física. O craque foi devolvido ao Corinthians.
  • O Vasco parecia não querer mesmo a genialidade de Garrincha. Antes do início da sua carreira, ele foi levado para um teste em São Januário, mas não o deixaram treinar porque não tinha levado as chuteiras.
  • Foram 60 jogos pela seleção brasileira entre 1955 e 1966. E apenas uma derrota: 3 a 1 para a Hungria na Copa de 66. Ao lado de Pelé, Garrincha nunca perdeu.
  • Disputou três Copas do Mundo (1958, 1962 e 1966). E fez cinco gols pela seleção brasileira na competição. Em 1958, jogou com a camisa 11. A sete ficou com Zagallo.
  • Garrincha também jogou 15 partidas e fez quatro gols pelo Flamengo entre 1968 e 1969. O último gol pelo Rubro-Negro foi marcado contra o ABC-RN, no dia 9 de fevereiro de 1969.

(Por Sidnei Rodrigues)