O relógio e os sinos da Igreja Matriz: como realmente funcionam

Por Leonardo Corey Belleza *

O relógio da Igreja Matriz de São Sebastião, na Estância Turística de Piraju, tem um interessante mecanismo, fabricado em Jacutinga, Minas Gerais, pela Lourenço Fernandes & Filhos, empresa que funcionou de 1938 a 1959, também como Metalúrgica Tabu.  

O relógio foi instalado na torre da igreja e a sua inauguração ocorreu em outubro de 1956. O aparelho foi doado pelo fazendeiro e deputado federal da época, Sylvestre Ferraz Egreja, natural de Timburi, cidade vizinha de Piraju. Já foi iluminado por luzes internas, a mais recente foi azul, mas houve momentos de iluminação verde ou branca. Atualmente, não se encontram mais peças para a manutenção do mesmo. Uma curiosidade é que, antes, o funcionamento era automático e agora dá-se corda manual semanalmente.

Além do relógio, há um avantajado sino de bronze e dois menores adjacentes, que se encontram no ponto mais alto da torre e que ecoam por grande parte do centro da cidade. Os sinos foram fabricados pela empresa centenária Fundição Artística Paulistana, que atualmente é denominada Sinos Angeli, existente na capital.

A torre abriga os três sinos responsáveis pelo tocar das horas. Os dois menores têm a função de tocar a cada 15 minutos. No primeiro um quarto de hora, toca-se uma vez; no segundo duas vezes; no terceiro, três, até o quarto, tocando quatro vezes em que as horas se completam. Em seguida, ocorrem as badaladas do grande sino, sinalizando as horas correspondentes à marcação dos ponteiros externos nos quatro visores do relógio.

O maior sino pode ser tocado automaticamente ou manualmente. Porém, na maioria das vezes, permanece no automático, em que uma espécie de martelo de ferro bate em seu exterior, visto que o pêndulo não funciona e não há mais o balanço do sino.  

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A Igreja Matriz São Sebastião é um ponto turístico da cidade pela sua arquitetura. Por alguns anos, na época natalina, foi ornamentada com luzes de LED por todo seu exterior, que se tornou um atrativo.

Em vista de sua grandiosidade e beleza, foram convidados alguns habitantes a manifestarem seus sentimentos em relação à Igreja Matriz. Confira alguns depoimentos:

Patrícia Jacob Fernandes Pires, investigadora da polícia

Eu vejo a Igreja Matriz de São Sebastião como uma das mais belas da nossa região, possuindo um grande significado para todos os moradores da cidade. Estou entusiasmada para saber mais sobre a Igreja.

Gabriela Garcia, arquiteta e urbanista

Apesar de já termos outras igrejas ‘matrizes’ na cidade, a São Sebastião sempre vai ser A matriz, com ‘a’ maiúsculo. ‘Onde fica tal lugar? ‘, ‘É lá na praça da matriz’. Ela é ponto de referência, para nós, e um dos motivos do orgulho pirajuense. Como arquiteta, amo parar e observar os vários detalhes que ela tem, a monumentalidade, a beleza em cada friso, em cada vitral. E como pessoa, um dos meus passeios prediletos para quebrar o estresse da rotina é andar pela praça e entrar na igreja, durante uma tarde comum. O pé direito alto faz a gente se sentir tão pequenininho. Com a luz indireta que entra pela janela, é um convite para introspecção. É lugar para se reconectar consigo e com Deus, um refúgio bem no meio da cidade.

Luiz Antônio de Souza, professor

Sou morador de um bairro próximo à região central, onde fica localizada a Igreja de São Sebastião. Já me adianto em dizer que tudo em sua estrutura remete à meditação do eterno. Sua arquitetura com altas paredes me faz pensar no quão pequenos somos diante da grandeza do sagrado. Suas cores de uma harmonia ímpar, nos impele à contemplação. A iluminação quando acesa parcialmente, apenas com as lâmpadas localizadas acima das colunas, nos leva ao silêncio mais profundo. As próprias colunas com seus ornamentos, nos trazem a ideia de uma hierarquia celeste. Somos filhos do eterno. Os vitrais com seus mosaicos, elevam nossos olhos a buscar as coisas do alto em contraposição às terrenas. Ouvir o embalar dos sinos, mesmo que não os vejamos, nos traz o sentimento de cuidado, de proteção, pois mesmo que não percebamos, estamos sendo cuidados pelo Pai, que não nos perde de vista, por um instante sequer. Além, claro, de evidenciar as características interioranas. Assim, estar nesse lugar em que tudo respira Deus, nos faz lembrar de seu amor incondicional por toda a humanidade.

Juliano Carneiro Quirino, estudante de jornalismo

A estrutura da Igreja Matriz, sede da Paróquia de São Sebastião e ponto central da cidade de Piraju, fascina os olhares crentes e descrentes com sua imponência e natureza única. O exterior de pedras transmite solidez que deve ser reproduzida pelos fiéis, diariamente, no exercício da fé. Sua arquitetura revive traços do período gótico, popularizado em toda a Europa durante os tempos medievais, com altos e esplêndidos pilares internos, arco em forma de ogiva em sua entrada e vitrais coloridos que embelezam suas laterais. Adentrar seu interior, além de gerar satisfação aos olhos, dada a refinação estética e artística do lugar, traz uma sensação de paz, conforto e presença indescritíveis.

Um especial agradecimento ao Padre Gilberto Moretto, que possibilitou a reportagem. Recentemente, ele anunciou que dará continuidade ao seu trabalho na catedral de Ourinhos, deixando Piraju em junho de 2021, cidade onde passou aproximadamente dez anos. Ele teve importantes participações em diversos discursos, como em defesa ao rio Paranapanema e à não implantação de uma nova hidrelétrica no município.

Confira galeria de fotos do interior da Igreja Matriz:

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Leonardo Corey Belleza é repórter e bolsista do projeto “Registro da Memória e do Turismo na Estância Turística de Piraju: desenvolvimento das habilidades comunicacionais no ensino fundamental I e II” do Programa USP MUNICÍPIOS