Nikima e o tênis de mesa em Piraju

Por Leonardo Corey Belleza

O tênis de mesa começou na década de 1950 em Piraju e, por mais de 30 anos, os jogadores treinavam na SAP (Sociedade Atlética do Paranapanema), onde hoje é o Iate Clube, e também no tradicional Clube 9 de Julho. Com isso, passaram vários atletas pela cidade, como Fernando Spínola, Reinaldo Medalha, Antônio Louzada e diversas personalidades que se tornaram notórias no município posteriormente.

Foi essa geração que inspirou Marcelo Renato Vaz, conhecido como Nikima, considerado um dos principais incentivadores do tênis de mesa pirajuense. Natural de Osasco, começou a praticar o tênis de mesa no início dos anos 1990 no Iate Clube de Piraju. Ele formava o grupo CRISTALMAR (Cristiano de Oliveira, Natal Mendes e Marcelo Vaz/Nikima). Nessa época, foram desenvolvidos projetos esportivos que funcionavam com a parceria do comércio. Ou seja, cada loja adotava e patrocinava um atleta, fornecendo materiais esportivos, como raquetes, bolinhas, entre outros incentivos aos “patrocinados”.

Passagem pelo Paraná

Nikima se mudou para Ibaiti, no Paraná, em 1994. Todavia, foi na cidade vizinha de  Joaquim Távora que começou a trabalhar com o tênis de mesa, além de outras  modalidades esportivas, como o futebol de mesa, o vôlei feminino e o futsal. Nesse tempo, foi convidado a assumir o cargo de secretário de esportes na cidade, no qual permaneceu somente por um ano. Logo depois, em 1995, recebeu uma proposta irrecusável e se mudou para Taquarituba, em São Paulo, onde ficou novamente por um ano como coordenador de esportes, implantando o tênis de mesa e realizando competições de patins roller e gincanas, chamando esses eventos de Copa da Amizade.

Retorno a Piraju

Em 1996, Nikima retornou à sua querida Piraju quando retomou o trabalho com o tênis de mesa no Iate Clube de Piraju, como jogador e professor. Ele conta que a grande maioria de seus alunos era meninos, sendo 40 no total, e apenas duas meninas, na faixa etária de 11 a 15 anos. Esse grupo ganhou diversas competições, com destaque para as medalhas em todas categorias nas Olimpíadas Escolares do Estado de São Paulo. 

Nessa época, Nikima foi convidado a fazer parte da Inspetoria do Estado de São Paulo, trabalhando com arbitragem, de 1997 a 2015, em várias áreas esportivas, dedicando-se exclusivamente como árbitro entre 2000 e 2004.

Com incentivo da professora Eliana Carneiro, grande nome do basquete pirajuense, participou do Projeto Segundo Tempo, que incentivava a prática novas modalidades em Piraju, como a canoagem, a ginástica rítmica, o tênis de mesa, entre outras. 

Em 2007, junto com o professor de educação física Adriano Salles, Nikima treinou a equipe da Escola Estadual Ataliba Leonel que foi campeã invicta das Olimpíadas Escolares de São Paulo, em Itapetininga, após vencer 13 partidas e, no ano seguinte, a equipe foi vice-campeã estadual, em Sertãozinho, perdendo somente um jogo para a cidade de Praia Grande. Montamos a equipe na categoria entre 14 e 15 anos, com treinos na prefeitura com o Marcelo e também na escola, e foi um momento fantástico na minha vida”, recorda Salles. 

Dois anos depois, a  equipe da cidade foi a campeã do Estado, na categoria de 21 anos da segunda divisão. Entretanto, houve uma reviravolta, em 2010. O Departamento de Esporte da cidade findou o projeto Segundo Tempo. Nessa época havia um grupo de, aproximadamente, 600 crianças. Mas após terminar o projeto em Piraju, a equipe conquistou, ainda no mesmo ano, medalhas para a cidade de Sarutaiá.

Experiência com o amigo Gustavo

O professor de educação física, Luís Gustavo Lopes Villas Boas, iniciou um projeto para o ensino do tênis de mesa na cidade vizinha de Manduri para cerca de 120 crianças e Nikima foi convidado a dar aulas, em 2011. Foram compradas oito mesas para o município, mas Luís Gustavo foi transferido para Ribeirão Bonito antes mesmo do início. 

Assim, entre esses dois anos, eles desenvolveram o tênis de mesa em Ribeirão Bonito, conquistando, em nome da Escola Isabel Cristina Fávaro Palma Professora, o terceiro lugar nas Olimpíadas Escolares. Em 2012, a prefeitura decidiu ressurgir o projeto “Segundo Tempo”, em Piraju, e nesse meio tempo, ganharam 45 campeonatos por onde passaram, sacando, ao total, mais de três mil medalhas.

Novas conquistas

Durante 2013 e 2014, passou por uma cirurgia no coração, fato que não o impediu de continuar a ministrar aulas particulares no Iate de Piraju. Nesse período, seus alunos conseguiram permanecer em destaque: Bruno Boretti ganhou os Jogos Regionais por Itatinga e Eugênia Salomão por Ourinhos. Em 2015, voltou a reunir esse grupo, tornando a equipe campeã paulista pela cidade de Ourinhos. 

Nessas idas e vindas, Nikima voltou a trabalhar também em Taquarituba, fazendo com que sua equipe fosse vice-campeã da segunda divisão regional. No ano seguinte, conquistaram o ouro, promovendo-os à primeira divisão.

Logo em 2018, trouxe uma medalha de ouro para a Piraju, no mesmo período em que Boretti foi para a Irlanda, tornando-se professor de tênis de mesa por lá. Durante um ano e três meses, o jogador conheceu e formou novos atletas, levando a bandeira de Piraju à Europa.

No ano seguinte, a equipe de Nikima foi vice-campeã dos Jogos Regionais da primeira divisão, mas não encontrou novos talentos para ganhar as Olimpíadas Escolares. 

Desde 2011, ele cria projetos como o Campeonato Municipal e dá continuidade ao seu trabalho, no Iate Clube de Piraju. 

Sobre Nikima

Mas o que o incentivou a iniciar a carreira como professor e esportista? Nikima relata que Natal e Cristiano foram pessoas muito importantes e incentivadoras em sua vida, estimulando-o a exercer um trabalho profissional no tênis de mesa. Citou também Otávio Tanaka, secretário do esporte da época em Piraju, sendo outro participante da história de Nikima e do tênis de mesa.

Nikima é uma figura valorizada em todos os esportes da cidade, em especial o tênis de mesa. Na Barbearia 2 Irmãos, os jovens proprietários foram seus alunos e, hoje, oferecem a mesa em seu local de trabalho, para aqueles que quiserem desfrutá-la.

Além de ser querido por quem sempre está por perto, o que Pedro Leonardo Rodrigues confirmou, sendo um de seus alunos atualmente. O jovem relatou que, ao fazer a primeira aula com o professor, se surpreendeu com sua maneira didática. Segundo ele, Nikima organizava campeonatos entre os seus próprios alunos. O vencedor ganha pizza de jantar, incentivando-os de forma dinâmica para melhorar seus desempenhos. Além disso, auxilia os seus alunos, que, às vezes, não tinham condições de participar dos campeonatos, procurando patrocínios e materiais para os jovens. Entretanto, cobrava o desempenho tanto nos jogos, quanto na escola, sendo uma figura importante na vida de cada um deles.

Atualmente, Marcelo Vaz, o nosso Nikima, possui novos projetos para o município no pós-pandemia e continua no tênis de mesa, além de também trabalhar com panfletos, publicidade e marketing. Ele continua treinando a garotada no Iate Clube Piraju, com a mesma empolgação de quem já ensinou tênis de mesa para mais de 1500 atletas nesses 26 anos de dedicação ao esporte.

Foto de Nikima na panfletagem [Arquivo Pessoal]

Leonardo Corey Belleza é repórter e bolsista do projeto “Registro da Memória e do Turismo na Estância Turística de Piraju: desenvolvimento das habilidades comunicacionais no ensino fundamental I e II” do Programa USP MUNICÍPIOS

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