Guloseimas

Ingênuo
Fui com muita sede ao teu pote
Implorar uma mordida da tua exuberante maçã
Porque embora não percebas
Está exposta em tua janela
Com o sorriso brilhante das violetas
Como serpente de fumegante aroma

Afinal!
De que serve a mim o meu paladar?

Seria muito lhe oferecer
Uma empada de bananas?
Afinal como posso saber
Onde inicia o estalo da tua língua
Se não abocanhares por inteiro?

Envergonhado
Consultei então a soberana madrinha
Que comanda o chá das doze senhoras
E descobri na mesa das painas
Que as guloseimas são bem vindas
Pois são sábias as fadas
Com mais de setenta nas artes
E acolhem o lobo mau
Com serelepes desejos

Então quem és tu?
Para me acusar de paquidermia
Se ainda estás no km 45
Metade da avenida da vida

Pois quando chegares
Ao teu destino
Saberás como luz de divina sabedoria
Que eu caminho entre bolhas
De saponáceo arco íris
E distribuo beijos sem feri-las
E revelo agora então sem o rubor das romãs
Com o sorriso voraz do menino
Gosto do teu pinhé…pinhé

 

* Carlos Alberto Muzille é escritor e ativista cultural e ambiental.