A “menina dos olhos” de Piraju

Laura Barrio*

Hoje “menina dos olhos” da Estância Turística de Piraju, a ginástica rítmica chegou à cidade há apenas 12 anos. Apesar do pouco tempo, a modalidade já rendeu ao município dez ouros nos Jogos Regionais e um bronze nos Jogos Abertos — além de incontáveis sorrisos no rosto de milhares de pirajuenses. Para a técnica Mariana Pansanato, o segredo de tanto sucesso está nos valores compartilhados por todos aqueles que abraçaram o projeto desde seu nascimento: “partilha e cuidado com o outro”. 

Apresentação da ginástica rítmica em Piraju / Foto: Arquivo pessoal Mariana Pansanato

A professora fala do projeto que viu nascer com brilho nos olhos, como quem fala de um filho — é assim que ela se refere à ginástica rítmica de Piraju. Em 2008, o município sediou pela primeira vez a Copa Estadual de Ginástica Rítmica e atraiu um bom público ao ginásio. A plateia ficou encantada com as apresentações que combinavam graciosamente danças, fitas, arcos e bolas. Para quem tinha o sonho de impactar positivamente a vida de crianças pelo esporte, aquela pareceu uma bela oportunidade. 

Não foi só Mariana Pansanato quem desejou trazer a modalidade para mais perto da cidade. Ao procurar o ex-prefeito Francisco Rodrigues — o Chico Pipoca (1929-2017) — para discutir a viabilidade do projeto, a professora ficou sabendo que a Prefeitura havia recebido cartas de uma menina que assistiu à final do campeonato e também se fascinou pela modalidade. 

Ambiciosa, mas promissora, a ideia recebeu apoio do município e Mariana pôde sonhar mais alto. Era hora, então, de ver se haveria adesão da criançada. Na primeira consulta às escolas da cidade, uma grata surpresa: 300 inscrições! Para dar conta da empreitada, a técnica contou com o engajamento de outras funcionárias do Departamento de Esporte na ginástica rítmica. Juntas, puseram de pé o projeto, que teve como primeira sede um galpão ocioso do Centro de Alta Performance da cidade. 

Hoje, a escolinha está sediada no Ginásio de Esportes Jacy Clodoaldo Albanesi, onde treinam 280 garotas, divididas por idade e nível de aprendizagem. As atividades, porém, estão paralisadas desde o início do ano em razão da pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19).

Formando cidadãs

Alunas da ginástica rítmica de Piraju / Foto: Arquivo pessoal Mariana Pansanato 

A professora fala com orgulho sobre o desenvolvimento de suas alunas na modalidade, aprendendo a manusear os aparelhos e aperfeiçoando técnicas. Mas, acima disso, exalta o crescimento pessoal das meninas, que, por meio da prática esportiva, aprendem sobre respeito e disciplina. Mariana Pansanato relata ser abordada com frequência por pais e mães das crianças, que a procuram para agradecer pelas mudanças no comportamento de suas filhas após ingressarem na ginástica. A treinadora explica que não se trata de olhar apenas o lado social, mas que tudo está ligado: esporte e cidadania. “Não se forma um atleta sem antes formar um cidadão”, resume. 

Piraju abraça o esporte

Apresentação da ginástica rítmica em Piraju / Foto: Arquivo pessoal Mariana Pansanato

Além das quase 300 atletas mirins e seus professores, a ginástica rítmica movimenta “um corpo incrível de pessoas” na cidade, conta Mariana. Perto dos festivais de final de ano, por exemplo, os pirajuenses se engajam na venda de pizzas, que tem arrecadação destinada à escolinha de ginástica. Já os figurinos das apresentações ficam por conta das costureiras da cidade, que definem modelos e cores e bordam em conjunto com as ginastas, suas mães e professoras. 

Por tudo isso, a trajetória da ginástica rítmica em Piraju tem uma beleza que combina com o encanto próprio da modalidade. E a história está apenas começando a ser escrita, garante a técnica.

Quadro de medalhas da ginástica rítmica de Piraju / Arte: Laura Barrio

Piraju no pódio

A trajetória da ginasta Arihadny Gleisla no esporte começou junto com a história da modalidade em Piraju. Ela tinha oito anos de idade quando seu pai a inscreveu na primeira turma de ginástica rítmica da cidade e “não era das melhores”, garante.

Isso começou a mudar quando a professora Mariana “deu aquele voto de confiança” e levou Arihadny para a equipe de treinamento — focada na preparação de atletas para competições. Já em 2010 a ginasta começou a competir (e vencer). Oito anos mais tarde, Arihadny garantiu à ginástica rítmica de Piraju sua maior conquista até hoje: o bronze no individual fita nos Jogos Abertos de 2018.

Para contar a história dessa competição, ninguém melhor que a própria atleta:

Arihadny nos Jogos Regionais de 2018, com sua fita vermelha / Foto: Arquivo Pessoal Arihadny Gleisla

*Laura Barrio é repórter e bolsista do projeto “Registro da Memória e do Turismo na Estância Turística de Piraju: desenvolvimento das habilidades comunicacionais no ensino fundamental I e II” do Programa USP MUNICÍPIOS

2 thoughts on “A “menina dos olhos” de Piraju

  • 6 de novembro de 2020 em 16:20
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    Que lindo que ficou Laura parabéns pela matéria e muito obrigada por contar nossa história de uma forma tão linda, passou um filme em minha cabeça… GRATIDÃO!!!!
    OBRIGADA POR TODAS AS MENINAS E PROFESSORES QUE PASSARAM POR ESTA ESCOLINHA E TORNARAM TUDO ISSO POSSÍVEL!!! AMOR ETERNO POR ESTE PROJETO LINDO❤️

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  • 8 de novembro de 2020 em 23:21
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    Que história incrível da Ginástica Rítmica de Piraju. Sou suspeita….amo demais esse Esporte e esse trabalho.

    Resposta

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