ISSN 2359-5191

25/09/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 92 - Meio Ambiente - Centro de Biologia Marinha
Doença ameaça sobrevivência de tartarugas marinhas
Número de tartarugas doentes aumenta em 2008: maior parte morre antes de chegar à fase adulta

São Paulo (AUN - USP) - O número de tartarugas da costa brasileira afetadas pela doença fibropapilomatose atingiu 15,41%, este ano, numa escala crescente desde 2006. A doença é uma das principais causas de mortes de tartarugas marinhas.A fibropapilomatose é caracterizada pela aparição de tumores (papilomas) de até 30cm de diâmetro, geralmente ao redor dos olhos, boca, pescoço, nadadeiras e cauda. Também podem ser encontrados em órgãos internos, como pulmões e rins. Embora os tumores sejam benignos, a doença é perigosa e põe em risco a sobrevivência das tartarugas. Os papilomas provocam perda de peso, atrapalham a natação e locomoção do animal e, nos piores casos, impedem a respiração.

A fibropapilomatose ainda é uma doença em pesquisa e, por isso, sua causa não é certa. Há evidências de que uma série de fatores contribua: predisposição e poluição foram apontados. Porém, devido à comprovação de que a doença pode ser transmitida de uma tartaruga a outra, o mais provável causador da doença é o vírus herpesvírus.

José Henrique Becker, biólogo e coordenador técnico do projeto TAMAR, foi palestrante na Semana de Oceanografia da Universidade de São Paulo e trouxe dados importantes à comunidade. De acordo com estudos, visto que o número de tartarugas marinhas adultas doentes é menor, estima-se que a maioria afetada pela fibropapilomatose morra antes de chegar à idade adulta. Isso significa que, além de diminuir muito a longevidade da espécie, a doença também impede que tartarugas cheguem à fase reprodutiva e contribuam na luta contra a extinção.

Um estudo com todas as espécies revelou que a tartaruga verde (Chelonia mydas) é a mais afetada. “15,41% pode parecer pouco”, explica José, “mas para uma espécie em perigo, o número é um desastre”.

O alarde é tão grande que houve até a idéia de sacrificar tartarugas que fossem encontradas com os tumores. Mas esse procedimento foi logo descartado. “Os estudos ainda estão muito incertos para tomarmos uma decisão radical dessas”, diz José, citando que ainda há esperança de estudos e pesquisas acharem uma cura ou método para evitar que uma tartaruga infectada transmita a doença para outras saudáveis. Nesse sentido, a falta de predadores também influencia no número de tartarugas doentes: em condições normais, uma tartaruga com tumores não consegue nadar direito e rapidamente viraria presa de um tubarão, seu maior predador, não tendo tempo para transmitir a doença para outras tartarugas. “Hoje em dia, porém, também não há mais tantos tubarões”, explica José.

As freqüências de tartarugas com a doença, por estado, são: Bahia, 15,81% ; Ceará, 36,94%; Espírito Santo, 27,43% ; Rio de Janeiro, 5,96%; Rio Grande do Norte-região costeira, 31,43%; Sergipe, 18,46%; São Paulo, 10,73 %.

Até agora não se viu casos de seres humanos infectados ao entrarem em contato com essas tartarugas. Mas, pelos estudos serem recentes e não sabermos ao certo como lidar com o vírus, a hipótese dele atingir outras espécies (marinhas ou não) não foi descartada.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br