São Paulo (AUN - USP) - Na primeira mesa de 8 de novembro, último dia do Simpósio Internacional Livros e Universidades, promovido pela Editora da USP (Edusp), o tema foi Profissionais do Livro: Formação Humanística e Mercado Editorial. Os palestrantes foram os professores José de Paula Ramos, do curso de editoração da Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP), Eduardo Pablo Giordanino e Valeria Sorín, ambos da Universidade de Buenos Aires, Argentina. Eles expuseram aspectos sobre a editoração, tanto de estudantes como dos profissionais, e de como isso é tratado nas universidades das quais eles atuam.

O primeiro a falar foi o professor de Paula, com o discurso intitulado “O curso de editoração da ECA-USP: Um Projeto Democrático”. O professor ponderou sobre o novo projeto pedagógico do curso de editoração da Universidade de São Paulo, que completa 40 anos, e que estão sendo implementadas agora, em um processo de três anos. Ele ressaltou a importância de três frentes de formação dos alunos, que envolve conhecimentos humanísticos, laboratoriais e de domínio da língua portuguesa.

De Paula explicou a formação do currículo novo, e de como o curso está dividido nos quatro anos de duração. O professor também recordou a importância da participação da Edusp no curso, tanto como fornecedor de estágios para os alunos como pela participação do presidente da entidade, Plinio Martins Filho, também professor do curso. Um dos pontos que o especialista chamou a atenção foi a participação dos alunos na mudança curricular, por isso, e por outros motivos, o processo fora denominado “democrático”.

Eduardo Pablo Giordanino falou sobre a configuração do curso de editoração da Universidade de Buenos Aires, que completa 20 anos. Ele chamou a atenção para a quantidade de egressos a cada ano, que são de 400, e também a quantidade de professores, que são 150. O professor enfatizou a importância do trabalho de finalização do curso, que é a produção de um catálogo de livros, um dos seus principais trabalhos desenvolvidos na universidade.

Giordanino falou sobre a importância desses catálogos, tanto como difusoras de editoras, bibliotecas e outros, como ferramenta de análise editorial de um determinado período. Por isso, segundo ele, sua produção e finalização são tão importantes quanto a construção de um livro.

Já a professora Valéria Sorín falou sobre a experiência que tem em um curso que realiza na Universidade de Buenos Aires, e que envolve a o estímulo à leitura nas diferentes gerações, principalmente as crianças. Ela relatou a historiografia do mercado editorial na Argentina, e seu contexto de descentralização.

Valéria falou da mudança de uma situação de crise, após o governo militar, para um aquecimento e multiplicação de editoras, que está mais evidente no século 21. A criação do curso de editoração na Universidade de Buenos Aires acompanhou essa mudança, com a redefinição de costumes, métodos de produção e relação com as vendas e com o leitor.

As experiências entre as universidades e as mudanças no mercado editorial tanto da Argentina como do Brasil foram de extrema importância para os dois países, que puderam sentir um amadurecimento do processo de construção dos livros, com um olhar mais cuidadoso tanto para o escritor como para o leitor. Isso se comprova com a nova posição brasileira, que está em nono lugar mundial na venda de livros. Mas isso não esconde os novos desafios desses dois paísese também do mundo, que estão relacionados às novas tecnologias.