ISSN 2359-5191

06/12/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 113 - Saúde - Faculdade de Saúde Pública
Implantação de políticas públicas na área do envelhecimento ainda é falha no país
Governantes precisam conhecer a população idosa de seus Estados/ Fonte: Wikimedia Commons

Conhecer a população idosa, que não para de crescer no mundo todo, e avaliar sua qualidade de vida. Esse foi o objetivo que levou a Organização Panamericana de Saúde (OPS) e Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP a realizarem o Estudo Sabe (Saúde, bem-estar e envelhecimento). Ao londo de 12 anos, entrevistadores foram até as residências de idosos em centros urbanos da América Latina e do Caribe coletando informações sobre o modo de vida dessas pessoas. Desde o ano 2000, foram entrevistadas 1,4 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade. “Quando organizadas, as informações recolhidas no estudo colaboram para melhorar o cuidado à pessoa idosa”, disse a professora da FSP, Yeda Duarte, ao apresentar alguns dados descobertos ao longo da pesquisa.

As informações foram obtidas por meio de aplicação de questionários e de avaliação antropométrica, um método de investigação em nutrição baseado em medições de variações físicas e na composição corporal global.

Os dados apontam que os idosos estão ficando mais dependentes ao longo do tempo e que precisam, sim, de mais cuidado. Entre os idosos longevos, que são aqueles que têm mais de 80 anos, entre 25% e 40% disse ter dificuldades para realizar atividades cotidianas como locomover-se, tomar banho, vestir-se. O problema é que nem todos têm acesso a um cuidador para auxiliá-los nessas tarefas. Segundo o Sabe, 91% dos idosos são cuidados por membros de sua família. Mas, quando não existe ninguém da família que pode ajudar e nem condições financeiras para contratação de uma pessoa de fora, o Estado não oferece esse acompanhante. “São pessoas comprometidas. Cerca de 40% desses idosos precisa de ajuda para comer, e não recebe essa ajuda. Alguém deixa a comida lá e ele come se der. É muito cruel isso”, disse Yeda.

Outra descoberta do Sabe é a quantidade de pessoas que vivem com algum tipo de declínio cognitivo: são mais de 80% dos entrevistados. Para Yeda, cuidar desse grupo e dos longevos é mais complicado do que cuidar dos outros idosos. “As cuidadoras entrevistadas disseram na pesquisa que gastam todo seu tempo na atividade de cuidar, mas nós acreditamos que isso seja impressão, causada pela sobrecarga que é cuidar sozinha de um idoso”, disse. Essa solidão existe porque tanto os outros membros da família, quanto o Estado se omitem na tarefa de olhar por essas pessoas.

O estudo também identificou avanços: o acesso ao sistema de saúde cresceu nos últimos anos. “Mais idosos relataram sofrer de duas ou mais doenças. Isso não quer dizer, necessariamente, que eles estejam ficando mais doentes. Uma interpretação possível é que eles estejam indo ao médico com mais frequência e sendo mais diagnosticados”, disse.

Uma característica importante do Saber é que ele mantém a proporção real dos dados, ou seja, os números são reais. Assim, se uma alguma informação se refere a 10% dos dados, ela está se referindo a 140 mil pessoas. “São números que representam pessoas que existem, que moram em São Paulo e que o governo de São Paulo tem que atender. Nós, como eleitores, temos o dever de cobrar por isso”, disse Yeda.

Os resultados do Estudo Sabe foram apresentados ao público durante o seminário da FSP Envelhecimento e Saúde Pública —Repensando e Reconstruindo as Novas Interfaces do Cuidado, que aconteceu em novembro.

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