ISSN 2359-5191

12/05/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 11 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Descuido de produtores dificulta controle da brucelose
Pesquisadora afirma que combate deve ser feito de forma mais intensa e sistematizada

Em estudo que identificou a prevalência e os principais fatores de risco para brucelose, a médica veterinária Ana Paula Belchior ressaltou a importância no cumprimento da lei por parte dos produtores rurais para combate da doença. "Muitas vezes, o produtor não está preocupado, porque faltam incentivos para isso e é difícil ser produtor rural no Brasil", afirma ela. O estudo foi realizado pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, em parceria com o Ministério da Agricultura.

Sua pesquisa buscava quantificar as alterações na prevalência da doença em bovinos uma década depois da implantação de medidas de controle. A partir dos dados obtidos, foi possível concluir que a doença não sofreu grandes mudanças em seu quadro. "A doença permaneceu do mesmo jeito, apesar do programa de combate tendo sido instituído no Brasil em 2001", ressalta.

O principal motivo apontado pela pesquisadora é a falta de conscientização dos produtores. De acordo com ela, apesar da obrigatoriedade da vacinação e da realização de exames periódicos no rebanho, muitos fazendeiros não têm esse tipo de preocupação e isso dificulta muito o controle da doença. A brucelose é transmitida principalmente por descargas uterinas, que ocorrem durante 30 dias depois que a vaca pariu, e por secreções de um aborto que contaminam o ambiente. Segundo a pesquisa, 73,8% dos produtores não procedem adequadamente com as placentas e/ou fetos abortados, mantendo-os espalhados pelo pasto, contribuindo para a disseminação da doença.

Os resultados da pesquisa mostram a necessidade de maior cobrança para que os produtores cumpram suas obrigações
Além disso, a médica veterinária apontou outros dois fatores para permanência dessa endemia. Um deles é o trânsito irregular de animais, que vêm de diversos estados do país, chegando no destino preferencial de animais para abate, que é São Paulo. O outro motivo citado está intimamente ligado ao descuido dos produtores. Os dados obtidos no estudo afirmam que apenas 18,6% dos produtores das propriedades analisadas realizam exames para o diagnóstico da brucelose.

Ana Paula e sua equipe também identificaram a situação epidemiológica da tuberculose, mas não foi possível estabelecer uma comparação pois não havia registros quantitativos prévios da doença. Entretanto, o estudo apontou que o principal fator de risco para a doença é a convivência de diversos rebanhos em uma mesma área. A tuberculose, doença de contato, é transmitida principalmente por secreções quanto o gado está em contato. Dividir o pasto, beber água no mesmo recipiente, estar próximo na hora da ordenha são formas de se contrair a doença. "A tuberculose é disseminada por respiração, podendo ser transmitida pela tosse também, uma vez que as vacas tossem muito quando estão doentes", enfatiza Ana Paula.

Da mesma forma que a brucelose, o controle da tuberculose pode ser efetivado se houver essa preocupação por parte dos produtores. Na pesquisa, apenas 15% dos produtores afirmaram realizar exames disgnósticos da doença.

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