ISSN 2359-5191

03/11/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 104 - Saúde - Faculdade de Medicina
Novo método de simulação traz benefícios no tratamento da fobia social
Pacientes que participaram de estudo de imersão apresentaram diminuição em suas ansiedades
Óculos 3D, TV ou notebook 2D e fones de ouvido protagonizam a simplicidade do método

Uma das técnicas mais utilizadas pela psicologia no tratamento da fobia social - transtorno no qual o indivíduo possui um medo excessivo frente às situações de interação ou desempenho como festas ou apresentações - é a terapia de exposição da abordagem cognitivo comportamental. Nela, o paciente, junto com o terapeuta, encara seu medo, primeiramente, em pequenos graus até as situações de maior desconforto. Esta prática, porém, possui limitações, como explica a psicóloga especialista neste tipo de terapia, Cristiane Maluhy Gebara. “Ela é muito respaldada para algumas fobias específicas, mas no caso da fobia social, existem situações em que ela não pode ser replicada”. Ela ainda comenta que, em muitos casos, o paciente procrastina o próprio tratamento. “A pessoa,muitas vezes, evita ou posterga porque sente uma ansiedade excessiva ao se expor à situação temida, o que pode levar ao abandono da causa

Foi pensando nesses casos que Cristiane idealizou uma novo método de terapia a qual pode ser replicada um número ilimitado de vezes. É o Programa em Realidades Virtuais (RVFS), que recria situações de desconforto dentro do próprio consultório do terapeuta. “O nosso objetivo ao pesquisar esse método era expor a pessoa a simulações para que ela praticasse a reação frente àquela cena sem o medo, sem o nervosismo de errar e se envergonhar”, esclarece.

Para desenvolvê-la, Cristiane buscou meio alternativos para realizar a pesquisa, já que muitos dos materiais para ambientar a realidade virtual são extremamente caros para um consultório comum. “Nós utilizamos óculos 3D, uma TV ou um notebook 2D e fones de ouvido para isolar o paciente”, descreve. “Também, durante as sessões, apagamos as luzes para que ele tenha ainda mais a sensação de imersão no processo”.

Foram selecionadas 21 pessoas, entre homens e mulheres, para a realização da pesquisa que mediria se o método proposto na diminuição da ansiedade social dos participantes, os quais procuraram o experimento por livre e espontânea vontade. “Muitos entraram em contato conosco por e-mail, a pesquisa atraiu muito a atenção da mídia”, conta Cristiane. Todos os voluntários possuíam diagnóstico de fobia social e os com transtornos mais graves, como depressão em estado avançado, abuso de substância e/ou transtornos psicóticos, foram excluídos. A pesquisa foi realizada no Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas (Ambam/FMUSP) e teve a duração de 12 sessões de 50 minutos de imersão por paciente.

Os resultados logo vieram e se demonstraram bastante positivos. Em média, na sétima sessão de ambientação virtual já era possível notar uma melhora. “Com esse sistema mais simples, tivemos uma diminuição significativa da ansiedade nos pacientes inclusive possibilitando que o clínico possa adquiri-lo em seu consultório.”, relata. “Na avaliação pós-tratamento que fizemos, depois de seis meses, observamos que os resultados se mantiveram. Os pacientes se tornaram mais naturais, encarando melhor a vida social, familiar e profissional”. Cristiane deixa claro que estudos posteriores ainda precisam ser conduzidos para respaldarem e aperfeiçoarem os métodos de análise, mas para uma primeira observação, os resultados são promissores.

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