ISSN 2359-5191

05/11/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 105 - Saúde - Escola de Educação Física e Esporte
Suplementação é ineficaz para impedir a imunossupressão em atletas de luta
Lutadores receberam glutamina, mas substância não ajudou a diminuir a debilidade do sistema imunológico
Atletas do UFC passam por pesagem antes das lutas / Reprodução UFC

Não é difícil encontrar atletas que complementem suas dietas com suplementos, mesmo sem saber se o método é ou não eficiente. Em pesquisa desenvolvida durante uma iniciação científica, Aline Tritto e Maria Emília de Cillo mostraram que a suplementação de glutamina não foi eficaz para impedir a imunossupressão em atletas de luta, situação caracterizada por um sistema imunológico com eficiência reduzida.

Nas modalidades de luta, os atletas perdem peso especialmente para o momento da pesagem. Assim, garantem uma vantagem na categoria que lutam. A redução, geralmente, é feita com dietas restritivas, cortes de alimentos específicos, maior volume de treino ou combinação desses fatores. Tudo é mantido até o momento da pesagem e depois dela o competidor aproveita o tempo até a disputa para se recuperar. Os métodos para perda de peso, porém, são agressivos e acabam suprimindo o sistema imunológico, fato que debilita o competidor e aumenta o aparecimento de doenças. Essa fraqueza acontece cerca de cinco dias antes da pesagem.  

“Uma das estratégias pensadas para minimizar a imunossupressão foi a glutamina. É um aminoácido que o corpo produz em bastante quantidade, mas que serve como combustível de célula do sistema imune, então seria uma ideia. A glutaminemia - quantidade de glutamina no sangue - abaixa e parece que isso causa a imunossupressão”, contou Aline.

Para verificar se uma suplementação com glutamina poderia minimizar a baixa no sistema imunológico causada pelos métodos de emagrecimentos nos atletas de luta, 23 atletas (principalmente praticantes de judô, mas alguns de boxe e MMA), receberam cerca de 20 gramas do aminoácido durante dez dias, começando cinco dias antes da pesagem e mantendo a ingestão cinco dias depois. A quantidade foi baseada em artigos, que mostram que os 20 gramas aumentam a glutaminemia.

A coleta de informações dos atletas para chegar a um resultado foi feita 21 dias antes da pesagem (quando ainda não há perda de peso), um dia antes e cinco dias depois, quando há a imunossupressão. As responsáveis pela pesquisa, nos dias indicados, fizeram a avaliação nutricional para observar o consumo energético e calórico através de um diário alimentar, avaliaram a composição corporal, o exame de sangue e células do sistema imunológico, além de aplicar um questionário sobre as condições de saúde do lutador.

Um grupo controle foi utilizado para comparar os resultados. Esse grupo recebeu placebo, que era albumina, no lugar da glutamina. Depois do período de testes, foi avaliado que a suplementação não foi capaz de atenuar a imunossupressão. Cinco dias depois da pesagem os atletas estavam com o sistema imune debilitado, da mesma maneira que aconteceu com aqueles que não ingeriram a glutamina.

“Não houve aumento de cortisol, dos parâmetros plasmáticos e nem queda da glutamina. Então, provavelmente a suplementação não fez efeito justamente porque não foi suficiente a agressividade para abaixar a glutamina plasmática”, contou Aline. “Provavelmente temos alguma outra via para explicar a imunossupressão. Não melhorou justamente por causa da vitamina do sangue, que não abaixou. Foi bem restritivo. Não sabemos muito bem porque não abaixou tanto a glutamina plasmática, por isso não funcionou. Usamos apenas dois parâmetros de sistema imunológico, mas também existem mais. Talvez algum outro fosse influenciado”, completou.

Apesar do resultado ser diferente daquele projetado pelas pesquisadoras, é possível tirar algumas conclusões do estudo. A principal é aquela defendida pelos profissionais de saúde: não fazer uso de qualquer substância sem um acompanhamento especial. Alguns atletas acreditam que podem tomar suplemento por conta própria mas, na maioria das vezes, não sabem os efeitos e nem se o produto é eficaz. Praticantes de exercícios devem sempre priorizar a saúde antes do desempenho nas quadras, piscinas, pistas ou ringues.

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