Rochas metamórficas do sul de Minas Gerais, conhecidas como granulitos, são raras e formadas em condições de alta pressão e temperatura. Sua formação está relacionada ao evento geológico chamado Brasiliano, no qual oceanos foram fechados por movimentos tectônicos há cerca de 600 milhões de anos. Estes que podem ser de subducção - quando uma placa tectônica entra embaixo da outra - resultaram na Cordilheira dos Andes, por exemplo. A fim de encontrar valores confiáveis de formação dessas rochas metamórficas, Renato Martinez saiu a campo para pesquisá-las em Três Pontas, sul de Minas Gerais.
O pesquisador em sua dissertação de mestrado no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo integrou o grupo de pesquisa do professor Renato Moraes que já estuda rochas de alta temperatura e pressão. Depois de viagens de campos com as amostras coletadas foram feitas lâminas para analisá-las em microscópio. O Instituto de Geociências possui um equipamento chamado Microssonda Eletrônica capaz de reconhecer a composição dos minerais. A partir disso, com os parâmetros físico-químicos específicos, Renato conseguiu chegar a valores de pressão e temperatura nas quais aquelas rochas foram formadas. Ele foi até a Suécia, onde há técnicas que aqui no Brasil não são muito bem compreendidas para aprofundar as análises.
Aplicação da pesquisa
Depósitos minerais metálicos dificilmente são preservados quando submetidos a altas temperaturas e pressões como as que afetaram rochas formadas em grandes profundidades, como o granulito. Ele pode apresentar falta de alguns minerais essenciais para os cálculos (como feldspato, por exemplo - mineral mais abundante da crosta terrestre). Essa ausência mineral torna a tarefa de calcular pressão bastante complicada. Desse modo, a motivação da pesquisa foi testar métodos não usuais, que utilizam minerais menos comuns, e que não são ainda tão difundidos. “Os resultados produzidos foram importantes para confirmar a eficiência da maioria dos métodos e para refinar os dados já existentes e publicados sobre a região de estudo”, afirma Martinez.
No futuro, a pesquisa poderá ser utilizado como ferramenta para quem quiser continuar estudando rochas metamórficas de alto grau (geradas em altas temperaturas). “Os valores de pressão que não eram tão bem entendidos foram melhor detalhados com relação ao tipo da rocha pesquisada. De maneira geral, meus resultados batem com o da literatura de geologia regional”, conclui o pesquisador.