ISSN 2359-5191

19/10/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 119 - Saúde - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Projeto busca mapear carrapatos transmissores de Febre Maculosa em parques brasileiros
Pouco conhecida no Brasil, a doença possui uma versão fatal e uma mais branda, tendo a última sido descoberta recentemente
À esquerda, carrapato A. ovale, transmissor da bactéria R. parkeri (à direita). A bactéria, causadora da Febre Maculosa da Mata Atlântica, está representada com a cor mais escura no entorno da célula.

A Febre Maculosa Brasileira (FMB) é uma doença que pode matar em questão de dias se não for tratada, apesar de ter baixa taxa de ocorrência. Transmitida por carrapatos, ela é especialmente perigosa em áreas do interior, onde a vegetação é propícia para a proliferação dos animais hospedeiros. Em Piracicaba, no ano passado, foram registrados cinco casos, dos quais quatro terminaram em óbito (fonte: Jornal de Piracicaba). Recentemente, foi descoberta uma doença similar à FMB, porém com efeitos mais amenos, a chamada Febre Maculosa da Mata Atlântica (FMA).

Ambas as enfermidades tem transmissão parecida: bactérias do gênero riquétsia, que infectam os carrapatos e chegam até os animais e seres humanos. No entanto, enquanto a FMB é causada pela riquétsia da espécie Rickettsia rickettsii, a FMA tem como provável agente causador a Rickettsia parkeri. É essa bactéria que Amália Barbieri, pós-doutoranda da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (FMVZ) e integrante da equipe do professor Marcelo Bahia Labruna, procura mapear, com o objetivo de conscientizar a população e trazer visibilidade para as doenças.

O estudo faz parte de um projeto desenvolvido pelo professor Matias Szabò da Universidade Federal de Uberlândia, com auxílio da FAPESP e CNPQ, e visa coletar carrapatos do ambiente para identificar e isolar bactérias, além de pesquisar outros tipos de vírus e protozoários em regiões de vegetação de Mata Atlântica remanescente no interior do país. Barbieri está, no momento, analisando amostras do Parque Nacional do Iguaçu e pretende fazer o mesmo na Serra do Japi, em Jundiaí, mas já fez estudos na mesma linha em Blumenau e no Parque Nacional Grande Sertão Veredas, região de Cerrado. As coletas já estão sendo feitas e, apesar do ainda pequeno espaço amostral de análise, já se percebe uma grande variedade tanto de espécies de carrapatos como de riquétsias.

O objetivo de Barbieri e dos outros pesquisadores envolvidos no projeto é prover conhecimento sobre espécie, localidade e possíveis focos de concentração das bactérias e carrapatos, permitindo que os médicos, população e turistas locais possam estar informados para identificar as doenças facilmente. Os sintomas iniciais são inespecíficos: febre alta, dores de cabeça e dores no corpo – os mesmos sinais vistos na dengue, chikungunya e zika.

“Os médicos geralmente vão pensar em dengue primeiro e, se o antibiótico adequado não for administrado rapidamente, a riquétsia começa a destruir as células do endotélio vascular”, explica a pesquisadora. Sinalizar a população de carrapatos é, portanto, uma informação valiosa para que o tratamento seja direcionado à febre maculosa logo nos primeiros estágios da infecção, especialmente no caso da FMB, que pode ser fatal após o quinto dia. O grupo de Barbieri chegou a apresentar palestras para alertar os agentes de saúde locais de Blumenau. “Essa parte é a mais importante da pesquisa: dar um retorno para a população, avisar quais bactérias estão circulando e que sintomas suas doenças podem causar."


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Pele com petéquias, manchas causadas pela destruição do endotélio vascular. Foto: Jornal do Brasil

Após fazer trilhas ou visitar locais infestados por carrapatos, especialistas recomendam inspecionar visualmente o corpo para uma eventual remoção manual dos bichos, ou mesmo tomar um banho e usar uma bucha para esfregar a pele. Para o caso de aparecerem os sintomas (febre, dor no corpo), deve-se informar os médicos sobre o lugar recentemente visitado e sobre possíveis picadas de carrapato.

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