ISSN 2359-5191

07/11/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 128 - Educação - Faculdade de Educação
Curso proposto pelo MEC debate questões de gênero, raça e sexualidade
Voltado para professores do Ensino Fundamental, projeto visa à valorização da diversidade, bem como o combate ao preconceito étnico, sexual, e cultural
Alunos durante o curso promovido pela Universidade Federal de Lavras (UFLA/Reprodução)

O terceiro relatório de violência homofóbica do Brasil destacou que são registradas cerca de cinco denúncias de homofobia por dia no país. Um outro levantamento provou que a maioria das denúncias de violações de direitos humanos possuem negras e negros como suas principais vítimas. Os estudos realizados pelo extinto Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos destacam ainda que os dados apresentados não se aproximam do número real de crimes. Entre as diversas iniciativas do governo federal para trazer a educação sexual e de gênero e o combate ao racismo para o debate com a sociedade, está o curso Gênero e Diversidade na Escola (GDE), oferecido aos professores do Ensino Fundamental da rede pública. 

O GDE foi criado em 2006 e é uma iniciativa do Ministério da Educação para preparar docentes para trazer a temática de “valorização da diversidade” para dentro da sala de aula. O curso foi iniciado como uma formação continuada de 180 horas de duração divididas em cinco módulos. Hoje, a formação se tornou uma especialização ministrada em universidades públicas, com duração de 360 horas divididas em seis módulos. O teor do GDE, porém, não mudou. Cada etapa contempla um objetivo, que se resume à discussão sobre diversidade cultural, gênero, sexualidade e orientação sexual, relações étnico-raciais, além da preparação e defesa do trabalho de conclusão de curso. À distância, a especialização exige um mínimo de nove encontros presenciais, que são feitos nos polos estipulados pelas universidades organizadoras.

O mestre em Educação Osmar Garcia dedicou sua pesquisa Marcas da experiência na formação docente em gênero e diversidade sexual: um olhar sobre o curso 'Gênero e diversidade na escola' (GDE) ao impacto do curso na formação dos professores, e destaca a importância de se tratar de temas como estes na educação. “A escola vem sendo identificada como um espaço no qual há uma invisibilização nas manifestações de orientações sexuais e de identidades de gêneros”, afirma. Para ele, debater estas questões também abre espaço para que movimentos sociais além do LGBT, que também tem baixa visibilidade, possam reivindicar esse espaço privilegiado para a “discussão e construção de uma cultura de respeito e cidadania”.

O curso é voltado para professores que lecionam no Ensino Fundamental, mas também é permitido que outros profissionais da Educação Básica participem. Porém, o pesquisador considera que este debate poderia ser iniciado já na Educação Infantil, quando ainda não estão cristalizadas as crenças e os preconceitos acerca destas questões advindas de “socializações ocorridas na família, na escola, na comunidade, nas instituições cristãs e na mídia”. Garcia afirma que “se começarmos a tratar disso somente no Ensino Médio teremos perdido muito tempo”.

Além do Gênero e Diversidade na Escola, existem outras iniciativas de reparação às populações vulneráveis, como o programa Brasil Sem Homofobia. Osmar também considera importante a inserção dessas discussões já na formação inicial dos docentes, pois “não será apenas por meio de cursos como o GDE que será possível sanar todas as mazelas que envolvem esta temática, como violência, morte e preconceito”. Porém, o pesquisador acredita que este possa ser um caminho para a resolução destes problemas, desde que, além do aprendizado formal, estas questões estejam intimamente ligadas “à formação da própria subjetividade do professor”.

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