O mapa da dor no corpo

 

© Francisco Emolo
Lin Tchia Leng, professora da Faculdade de Medicina da USP

 

 

 

 


A dor é resultante de um ou mais fatores internos e/ou externos, o que deixa seu diagnóstico e tratamento mais complexos. Por isso, as causas psicossomáticas, que envolvem estrutura física e emocional, assumiram uma importância tão grande quando o médico investiga o diagnóstico.

Para clarear melhor o assunto, a Sociedade Brasileira para Estudo da Dor, entidade autônoma de pesquisas na área, fez uma divisão dos fatores em três partes: biológicos – lesão, condição física e efeito colateral de medicamentos –, sociais – suporte social, relação familiar e influências culturais – e psicológicos – comportamento, grau de conhecimento e personalidade. A idéia é vasculhar a conjunção de variáveis suspeitas de causarem dor.

“Em diversos casos, não houve nenhuma lesão. A pessoa é que joga suas frustrações e estresses para o corpo,” aponta Lin Tchia Leng, professora da Faculdade de Medicina da USP. “O resultado é que a parte mais fraca adoece e surge um problema cervical, uma úlcera, uma depressão ou outras formas de dor.”

Para mostrar como a personalidade, por exemplo, é capaz de influenciar na saúde, a professora dá o exemplo de sujeitos pessimistas. “Aquelas pessoas de perfil hipocondríaco, que olham para tudo como uma catástrofe, têm tendência a adoecer porque não conseguem relaxar,” diz.

Entre os aspectos multifatoriais que provocam dores, a professora cita alguns dos principais motivos que passam despercebidos pela maioria da população. Veja o quadro:

Sono: ele proporciona relaxamento físico e mental. Em caso de noites maldormidas e insônia, há predisposição para início ou agravamento de dores musculares.

Estresse: o corpo se prepara para a “luta”, com aumento da freqüência respiratória e cardíaca, diminuição das funções digestivas e dilatação das pupilas. Quando o estresse é diário e a pessoa não tem chances de reagir, o quadro se torna crônico, resultando em baixa da imunidade, úlcera, dores de cabeça e disfunção sexual.

Obesidade: o excesso de peso compromete as articulações, provocando dores nos pés, tornozelos, joelhos e quadris.

Nutrição: dietas que exageram na perda de peso e o hábito de passar horas sem comer nada induzem o organismo a queimar a energia presente nos músculos.

Sedentarismo: a falta de atividades físicas deixa os músculos flácidos e instáveis, vulneráveis a lesões quando submetidos a um esforço maior, como levantar um objeto pesado.

Cigarro: o fumante absorve substâncias tóxicas que comprometem o disco intervertebral, que funciona como um amortecedor entre as vértebras da coluna. Um forte candidato a dor nas costas.

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