Por Daniel Fassa
fotos: Francisco Emolo, Jorge Maruta e Cecília Bastos

 

 

 

 

 

 

© Francisco Emolo
“Trabalho com pacientes que têm doenças neuromusculares gravíssimas, muitas delas letais, que matam na juventude e na infância, ou deixam a pessoa numa cadeira de rodas. Então, o que eu mais quero na vida é achar um tratamento para essas doenças.” Mayana Zatz

 



A evolução da ciência já permitiu à humanidade realizar proezas inimagináveis até alguns séculos atrás. Entre elas, está a cura de doenças que, por muito tempo, fizeram inúmeras vítimas e reinaram absolutas, como a tuberculose. Hoje, em pleno século 21, cientistas travam árduas batalhas contra outras moléstias ainda incuráveis, tais como a diabetes, o mal de Parkinson, a lesão de medula espinhal e as doenças neuromusculares. Nessa empreitada, volta e meia surgem verdadeiros dilemas éticos, que colocam em questão até que ponto as pesquisas podem progredir tecnicamente sem desrespeitar a dignidade humana.

Um dos campos de pesquisa mais promissores em todo o mundo é a engenharia genética. Através dela, pode-se descobrir que fatores determinam algumas doenças e, a partir disso, desenvolver os tratamentos mais adequados. Existe, inclusive, a perspectiva de se fabricar órgãos humanos novos e saudáveis, em substituição àqueles que estiverem comprometidos. Para alcançar esse objetivo, é fundamental a utilização das chamadas células-tronco, capazes de se transformar em qualquer tecido do nosso organismo.

Há dois tipos diferentes de células-tronco: as adultas, encontradas no cordão umbilical e na medula óssea, por exemplo, e as embrionárias, que, como o próprio nome diz, só podem ser obtidas em embriões humanos. Por já se encontrarem num estágio de desenvolvimento mais avançado, as células-tronco adultas não têm tanto potencial de transformação quanto as embrionárias. Somente essas últimas podem se diferenciar nos 216 tecidos do corpo humano. No entanto, a sua obtenção implica na destruição de embriões.

Aqui se inicia uma grande polêmica: alguns cientistas são totalmente contra o emprego das células-tronco embrionárias em pesquisas porque, para isso, vidas humanas em potencial teriam que ser sacrificadas. Outros defendem sua utilização, pois somente elas poderiam apressar o processo de descoberta de curas para muitas doenças, o que evitaria a morte de milhares de pessoas.

página 1 | 2 | 3 | 4 seguinte >

   








web
www.usp.br/espacoaberto