“Trabalho com pacientes
que têm doenças neuromusculares
gravíssimas, muitas delas letais,
que matam na juventude e na infância,
ou deixam a pessoa numa cadeira de rodas.
Então, o que eu mais quero na vida é achar
um tratamento para essas doenças.” Mayana Zatz
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A evolução da ciência
já permitiu à humanidade
realizar proezas inimagináveis
até alguns séculos atrás.
Entre elas, está a cura de doenças
que, por muito tempo, fizeram inúmeras
vítimas e reinaram absolutas,
como a tuberculose. Hoje, em pleno século
21, cientistas travam árduas batalhas
contra outras moléstias ainda
incuráveis, tais como a diabetes,
o mal de Parkinson, a lesão de
medula espinhal e as doenças neuromusculares.
Nessa empreitada, volta e meia surgem
verdadeiros dilemas éticos, que
colocam em questão até que
ponto as pesquisas podem progredir tecnicamente
sem desrespeitar a dignidade humana.
Um dos campos de pesquisa mais promissores
em todo o mundo é a engenharia genética.
Através dela, pode-se descobrir que
fatores determinam algumas doenças
e, a partir disso, desenvolver os tratamentos
mais adequados. Existe, inclusive, a perspectiva
de se fabricar órgãos humanos
novos e saudáveis, em substituição àqueles
que estiverem comprometidos. Para alcançar
esse objetivo, é fundamental a utilização
das chamadas células-tronco, capazes
de se transformar em qualquer tecido do nosso
organismo.
Há dois tipos diferentes de células-tronco:
as adultas, encontradas no cordão
umbilical e na medula óssea, por exemplo,
e as embrionárias, que, como o próprio
nome diz, só podem ser obtidas em
embriões humanos. Por já se
encontrarem num estágio de desenvolvimento
mais avançado, as células-tronco
adultas não têm tanto potencial
de transformação quanto as
embrionárias. Somente essas últimas
podem se diferenciar nos 216 tecidos do corpo
humano. No entanto, a sua obtenção
implica na destruição de embriões.
Aqui se inicia uma grande polêmica:
alguns cientistas são totalmente contra
o emprego das células-tronco embrionárias
em pesquisas porque, para isso, vidas humanas
em potencial teriam que ser sacrificadas.
Outros defendem sua utilização,
pois somente elas poderiam apressar o processo
de descoberta de curas para muitas doenças,
o que evitaria a morte de milhares de pessoas.
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