Bretani, sua esposa e netos.
“Meu pai dizia que eu sou vagabundo. Para ele, trabalho é só o
que aborrece. O que você gosta é hobby. Meu hobby é meu trabalho.”
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Sobre as perspectivas de cura para o
câncer, Brentani é bastante
confiante: “O que nós estamos
buscando são maneiras de melhorar
diagnóstico e prognóstico,
usando ferramentas de biologia molecular,
de forma a saber se o tumor de tal paciente
vai ou não responder a tal tratamento.
Acho que a tendência da medicina é ser
cada vez mais customizada, mais personalizada.
E nós temos condições
para isso. Já descobrimos a causa
de 75% dos tumores. Porque não
vamos descobrir a causa do resto?”
Brentani casou-se cedo. Mais exatamente,
no mês de abril do quinto ano de
sua faculdade. Foi no ambiente universitário
que conheceu Maria Mitzi, quando ela,
que era química, foi trabalhar
no laboratório. “Assim que a vi,
eu falei – preciso me casar com essa
moça”, conta. Hoje, o casal tem
quatro filhos e dez netos. O médico
explica que nunca deixou de jantar em
casa: “Minha vida inteira trabalhei em
horário comercial. Entrava um
pouco mais cedo, não às
8h, e saía um pouco mais tarde,
não às 17h. Já levei
filho em circo, jogo de futebol, parque
de diversões, tudo o que tem direito
eu fiz. E não me arrependo. Acho
que se você se organiza, oito horas
de trabalho rendem pra burro”.
Muitos prêmios e condecorações
têm coroado a carreira profissional
de Brentani. Para citar apenas os mais
recentes, em novembro de 2006, ele recebeu
a Grã-Cruz da Ordem Nacional do
Mérito Científico do Presidente
da República do Brasil. Em junho
deste ano, o cientista foi um dos ganhadores
do Prêmio FCW de Ciência
e Cultura 2006, na categoria Medicina,
concedido pela Fundação
Conrado Wessel.
O Conselho Técnico-Administrativo
da Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo tem Brentani
como seu atual diretor-presidente. Sua
função, como ele mesmo
a define, é avaliar se os projetos
respeitaram os princípios da boa
prática, a fim de assegurar ao
usuário que o processo é o
mais justo possível. “A pesquisa
científica no Brasil tem crescido
muito. Já é de longe a
maior na América Latina e a perspectiva é crescer
mais”, afirma.
Brentani gosta muito de levar seus netos
ao cinema. Se pudesse, os levaria também
ao circo. Só não o faz
porque seus netos são “modernos” e
não gostam de circo. Mas diz que
não tem hobby. “Meu pai dizia
que eu sou vagabundo. Para ele, trabalho é só o
que aborrece. O que você gosta é hobby.
Meu hobby é meu trabalho.” |