por Talita Abrantes
Fotos por Cecília Bastos


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Sistema Webtransplante propicia transparência no andamento da fila de espera por um órgão

 

Foto crédito: divulgação
Jeová Mina Rocha, coordenador da Central de Transplantes do interior, explica que quando o paciente está em estado muito grave, a equipe médica tem que justificar a prioridade do transplante


Saiba quais os critérios que determinam o andamento da fila de transplantes

Um velho ditado diz que todo brasileiro gosta de fila. Quanto a isso, há controvérsias. Contudo, é consenso que ninguém gosta quando outras pessoas “cortam” a fila. Se na espera pelo atendimento no banco isso irrita, imagine como um paciente que aguarda por um órgão se sente quando, de repente, percebe que sua posição na lista de transplantes regrediu. No entanto, ao contrário das outras filas em que a ordem de chegada determina o tempo de espera, na de transplantes são outros critérios que decidem quem fica com o órgão ou não.

O paciente que receberá um novo rim, por exemplo, é escolhido por compatibilidade imunológica. “O sistema procura um irmão quase gêmeo deste doador na lista. Se encontrar, ele receberá o órgão”, explica Luis Augusto Pereira, coordenador da Central de Transplantes do Estado. Já o fígado é doado de acordo com a gravidade da situação de cada paciente. “O candidato a ser receptor que apresentar um quadro mais grave torna-se o primeiro da lista.” Mesmo nos órgãos em que o importante é o tempo de espera, ainda é preciso compatibilidade de tipo sanguíneo e peso.


 

Crédito ilustração: Gettyimages
De acordo com o Ministério da Saúde, são 64 mil candidatos a um transplante em todo o Brasil

 


No entanto, há situações em que a gravidade do caso clínico do possível receptor fala mais alto e, nessas horas, é preciso, sem qualquer pudor, furar a fila de transplantes. A equipe médica então assume toda a responsabilidade. "A priorização do paciente deve ser devidamente justificada", assegura Jeová Mina Rocha, coordenador da Central de Transplantes do interior. Tempos depois, segundo ele, uma comissão externa avalia o caso para confirmar a gravidade do paciente e a urgente necessidade de transplante.

Em 2006, cerca de 4.668 órgãos foram transplantados. De acordo com o Ministério da Saúde, os candidatos a um transplante são 64 mil em todo o Brasil. "A fila de espera cresce cada vez mais em todo o mundo", percebe Dr. Pereira. Para completar este quadro, muitas famílias se recusam a autorizar a doação dos órgãos de seus parentes mortos ao mesmo tempo em que a morte encefálica, segundo o coordenador da Central de Transplantes do Estado, é subdiagnosticada.

"Mesmo que as famílias recusem a doação, se aumentarmos a identificação dos doadores, logicamente, o número de doações crescerá", opina. Por isso, para ele, a solução é conscientizar e capacitar as equipes médicas para detectar os possíveis doadores.

Entenda a morte encefálica na matéria "Morto, mas com o coração batendo?" e confira os motivos que levam algumas famílias a não permitir a doação dos órgãos de seus parentes em "Dilemas éticos na doação de órgãos", ambas da edição de junho de 2007 da Revista Espaço Aberto.

 

 
 
 
 
 
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