Partindo da hipótese de que, nos contos semi-acabados desse livro de Guimarães, revelam-se mais explicitamente certos mecanismos da narração, através dos quais se evidencia o confronto entre as chamadas culturas erudita e popular, o texto se propõe a investigar os modos de narrar empregados para identificar as ambigüidades do confronto cultural aí dramatizado, o que nos permitirá problematizar a proverbial adesão do autor (real e implícito) aos valores da cultura sertaneja.
Trata-se de, através de alguns exemplos retirados da ficção rosiana,discutir as reflexões aí existentes sobre o processo na rrativo como necessidade da própria matéria narrada e expressão da ambigüidade queconstitu i o seu universo: entre o popular e o cu lto, o oral e o escrito, o rústico e o citadino, a região e o mundo. Essa ambigüidade, por sua vez, é constitutiva do Brasil e de certo modo, da vida do próprio autor.