Este estudo se propõe a analisar a caracterização de Riobaldo e
Diadorim, personagens de Grande Sertão: Veredas e seus percursos dentro da
narrativa, buscando identificar traços que possam aproximá-los ou afastá-los
da construção de heróis trágicos no drama clássico. A pesquisa foi realizada
a partir da definição de herói trágico de Aristóteles apresentada em A Poética,
além das considerações de Georg Lukács sobre a formação do romance, e
dos estudos de Pasta Junior acerca da narrativa de Guimarães Rosa.
Inicialmente o estudo foca em realizar uma reflexão sobre as formas
literárias e como estas estão relacionadas com os contextos sociais nos
quais foram produzidas, estabelecendo assim as diferenças imanentes do
drama e do romance; então, se volta para a análise da estrutura de Grande
Sertão: Veredas e suas possíveis semelhanças com a tragédia clássica. Esse
percurso desagua na análise da caracterização dos personagens: Diadorim,
constituído pela ambiguidade, serve de mito complexo para o romance, e é
movido por um desejo de vingança que lhe predestina à morte. Riobaldo,
como narrador e protagonista, estrutura o romance de forma a sublimar
violências do cotidiano, apresentando fatos em chave grandiosa, e cria a
revelação que dá ao leitor a sensação de efeito trágico.