A oralidade é sem dúvida um dos aspectos mais pronunciados no romance Grande Sertão: Veredas e,
em geral, na obra de João Guimarães Rosa. Apesar da abundância de estudos sobre este autor e
sua obra, a oralidade permanece um terreno fértil, sobretudo se abordada pelo viés tradutório.
Razão pela qual propõe-se, neste trabalho, a análise da forma como os tradutores franceses
abordaram essa questão em suas traduções. Para fazê-lo, serão utilizadas as teorias desenvolvidas
por Henri Meschonnic (1982; 1999), no que concerne às formas orais e faladas, bem como o
estudo sobre o discurso oral em Grande Sertão: Veredas, desenvolvido por Souto Ward (1984), além
dos trabalhos organizados por Michel Ballard no livro Oralité et Traduction (2001).
Cet article a pour but de réaliser une réflexion critique sur le processus de standardisation pratiqué dans des traductions de textes réputés "intraduisibles" par sa charge sémantico-esthétique. Dans ces cas, il appartient au traducteur le rôle de créateur, responsable, quand nécessaire, par l'actualisation de la langue-cible pour qu'elle reçoive ce nouveau texte dans ses diverses dimensions linguistiques. Pour ce faire, j'analyserai les deux traductions françaises de l'oeuvre de João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas, sous l'optique de la théorie développée par Antoine Berman.
Pretende-se, neste artigo, refletir sobre o conceito de retradução no campo dos Estudos da Tradução e suas implicações na recepção crítica de determinado autor e obra em outro país. Segundo Robert Kahn (2010), a retradução é, sobretudo, uma atualização de um texto, que tem por objetivo central expor ao leitor da cultura de chegada uma nova interpretação da obra em questão, de modo que se apresenta naturalmente como um texto reativo. Nesse sentido, mais que a tradução, a retradução se aproxima da crítica literária, uma vez que pretende refazer um trabalho julgado insatisfatório, ou transitório, partindo de uma leitura crítica reparatória, de certa forma. Assim, para explorar tal conceito serão utilizados os trabalhos de críticos como Antoine Berman, Robert Kahn, Yves Gambier, entre outros, além de excertos retirados de Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, bem como de suas traduções francesas, a fim de ilustrar as considerações aqui expostas.
Palavras-chave: Retradução. Grande Sertão: Veredas. João Guimarães Rosa.