A criação de palavras, de ritmos e de sons, poesia em forma de prosa, são os grandes desafios na tradução da obra Grande Sertão: Veredas (GS:V). Essas criações são a porta de entrada do universo ficcional criado por Guimarães Rosa e a opção do tradutor em traduzi-las, recriá-las na língua de chegada são questões importantes, que levarão ou não os seus leitores ao universo de GS:V. Essas questões são apresentadas neste estudo, em comentários feitos por Guimarães Rosa em sua correspondência com seus tradutores, nos quais ressalta a importância de cada vírgula, da escolha certa dos sons, das aliterações, etc. São apresentados também alguns versos da canção de Siruiz, de GS:V, traduzidos para o italiano por Edoardo Bizarri. Como ferramenta de análise, para uma abordagem tradutológica, foram utilizadas as tendências deformadoras, de Antoine Berman (2007).
O objetivo deste trabalho é apresentar um estudo do léxico de Guimarães Rosa, na obra Grande Sertão: Veredas e de sua tradução italiana, feita por Edoardo Bizzarri (1970). Foram selecionadas palavras da obra, que constam como não dicionarizadas no livro de Nilce SantAnna Martins (2001), O Léxico de Guimarães Rosa, para uma análise comparativa à tradução italiana. Mostramos nesta análise comparativa aproximações e distanciamentos entre original e tradução, marcando onde a proximidade com o português funcionou ou não e quando o sentido da tradução, seguindo as tendências deformadoras, de Antoine Berman (2007), em A tradução e a Letra ou o albergue do longínquo, fez com que o texto original sofresse alguma alteração na tradução. Como objetivo final a proposta é a produção de um dicionário bilíngue dos neologismos de Rosa, português/ italiano/ português.