In this article, I read João Guimarães Rosa’s Grande sertão: veredas as an extended contemplation of the Brazilian backlands region known as the sertão, comparing it with Herman Melville’s timeless novel Moby-Dick; or, the Whale, which I read in a similar vein (but with regard to the sea). In this analysis, sea and sertão overlap and become largely interchangeable. In doing so, I also comment on the importance of the way in which we conceive of nature in general, and of the sea and the sertão specifically. The article employs Jedediah Purdy’s idea of the environmental imagination and Steven Vogel’s concept of humility before nature as they relate to perceptions of the environment (and the world) through a literary lens. In short, my focus is on exploring how literary representations of nature can condition readers’ attitudes and behaviors toward it. After detailing the similarities between both narrators’ perceptions and descriptions of sea/sertão as incomprehensible spaces that invite narrators (and readers) to self-discovery, I discuss the potential effects these narratives can have in shaping readers’ perceptions of the environment and their relation to the world in which they live.
Embora haja um intervalo de mais de um século entre a publicação de Moby-Dick (1851) e a de Grande sertão: veredas (1956), o romance de João Guimarães Rosa apresenta, quer na forma, quer no conteúdo ou em seus respectivos desdobramentos alegóricos, muitos pontos em comum com o livro de Herman Melville. Produtos de literaturas periféricas de países ainda em processo de formação, essas obras são narrativas híbridas que não se encaixam na concepção original do romance moderno europeu (ou novel): ambas resgatam e transformam a épica e a tragédia, os chamados gêneros altos, para dar voz a um indivíduo que, à margem da sociedade de seu tempo, erra por um vasto espaço inóspito enquanto empenha-se em combates mortais. O propósito deste estudo é analisar, sob um ponto de vista comparativo, passos de Moby-Dick e Grande sertão: veredas, divididos de acordo com os gêneros literários que abarcam e, destacando semelhanças e diferenças, propor Moby-Dick, livro que Guimarães Rosa tinha em sua biblioteca pessoal, como uma das fontes inspiradoras do Grande sertão.
Faculdade de Letras, Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários
O que se propõe neste estudo é investigar os procedimentos que em uma obra literária levam ao efeito de ―Fora na linguagem‖. O que é esse Fora? Que gama de efeitos produz? Quais os procedimentos para fazê-lo existir em uma obra de arte, na literatura em particular? Eis algumas das questões que nos interessam.
Para desenvolver tal procura em busca do Fora, utilizaremos como suporte e corpus teórico autores que seguiram a trilha do Fora na linguagem, tais como Roland Barthes, Maurice Blanchot, Gilles Deleuze, Pierre-Félix Guattari, Tatiana Salem Levy, dentre outros. Será a partir de cinco obras previamente selecionadas que exploraremos alguns dos procedimentos que levam ao Fora, assim como seu conceito aplicado à literatura: ― A Terceira Margem do Rio e ― Meu Tio Iauaretê, de Guimarães Rosa; Mar Paraguayo, de Wilson Bueno; Bodenlos: uma autobiografia filosófica, de Vilém Flusser e Bartleby, o escrivão, Herman Melville. Nosso objetivo não será analisar tais obras, mas, a partir delas, observar alguns dos procedimentos que levam ao Fora. Portanto, tomaremos delas apenas os recortes necessários.
Falaremos do que força o pensamento a pensar, do que antecede o pensar. Falaremos do Fora e do plano de imanência; dos corpos sem órgãos; dos devires moleculares e molares. Falaremos de linhas; pontos, encontros, fugas; máquinas; superfície de registro; produção, processo; fluxos e rupturas. Falaremos de limiares; entremeios; gradientes; fragmentações; linhas e margens que se desmancham, desdobram, invaginam, explodem; intensidades e potências; territorialização e desterritorialização.