O presente artigo tenta determinar de que forma Guimarães Rosa recebeu, criticou e transformou o pensamento de Platão, conforme alusões ao filósofo, encontradas no primeiro prefácio e nos contos de Tutaméia. Verifica-se que Guimarães Rosa critica justamente o núcleo central do platonismo, isto é, a teoria das idéias - tal como apresentada, miticamente, no relato do Mito da Caverna, no livro VII da República - e o que dela decorre, a concepção platônica do ser e do não-ser. Esta concepção leva, por sua vez, à q uestão da verdade e do erro, da realidade eda fals idade. Guimarães Rosa baseia-se, para sua crítica, em Protágoras,sofista do século V a.C., e em Aristóteles, discípulo, por mais de vinte anos, de Platão. Nesse sentido, o artigo examina a teoria do erro e do falso em Protágoras, conforme citada no diálogo de Platão, Eutidemo, e passa em revista o mesmo tema, no próprio Platão, como surge no diálogo Sofista. Examina, igualmente, a crítica que Aristóteles faz à teoriadas idéias, do modo como surge, principalmente, na sua Ética a Nicômaco. A partir da determinação desta base teórica, o artigo analisa o conto "Uai, eu?", de Tutaméia, que contém uma pormenorizada e profundameditação sobre o ser e o não-ser, sobre o erro e a verdade, sobre o real e a imitação, sobre a realidade e a aparência.
O ensaio examina se uma possível leitura do poema "Haft Peikar" ("As sete efígies") de Nezami, poeta persa do século XII, pode ter sido fonte de inspiração para a elaboração, por Guimarães Rosa, de sua obra Corpo de baile.
O trabalho traça a evolução e as transformações do tema da Idade de Ouro, como tem surgido insistentemente na cultura ocidental, desde Hesíodo, examinando três instâncias literárias importantes em que desponta com preeminência: Lewis Carroll, Dante e Cervantes. A partir desta perspectiva, indico como surge o ideal da Idade de Ouro nas memórias de Riobaldo, de maneira peculiar sua e, ao mesmo tempo, de certa forma, de maneira similar às mencionadas incidências literárias do tema.