Este trabalho conduz a uma visada literária e cultural, em que os olhares se voltam para as obras Pedro Páramo, de Juan Rulfo e “Sarapalha”, de Guimarães Rosa, buscando compreender valor de duas produções distanciadas pelo espaço de uma realidade geográfica mas, entretanto, próximas por interações e diálogos.
O objetivo desta comunicação é elucidar elementos composicionais de textos selecionados da obra do escritor João Guimarães Rosa em que a temática bestiário, principalmente, inserida em um contexto moderno pode ser discutida. Para isto, primeiramente, para orientar essa discussão, trataremos de privilegiar uma ótica que almeja pensar a presença dos animais na trajetória literária rosiana. Na sequência, apresentar e culminar em sua última obra, Ave, palavra, cujos textos trabalham com a temática sobre os animais de forma intensa. Mais do que isso, ampliar nosso olhar para relação existente entre Homem e animal em uma perspectiva moderna, uma vez que os textos rosianos permitem
reflexões, por esses vieses, devido aos conteúdos cujos procedimentos estéticos dialogam
diretamente com as características da construção literária moderna. Utilizaremos embasamento teórico em estudiosos que pesquisam a referida temática, como a professora Maria Esther Maciel. Assim, trabalharemos a complexidade da escritura de João Guimarães Rosa com relação aos bestiários, tendo como lastro questões suscitadas em textos de sua carreira literária e, sobretudo, de sua obra póstuma, Ave, Palavra, refletindo sobre a fronteira entre humano e inumano, a qual oportuniza olhares interpretativos sob a figura do homem moderno.
Este artigo analisa a constituição do tempo da narrativa de Guimarães Rosa em "Um moço muito branco", conto de Primeiras estórias. Parte da hipótese de que esse tempo funciona reatualizando um tempo mítico em que significam ritos de passagem, modelos místicos e diferentes arquétipos simbólicos. A análise explicita que a construção temporal em "Um moço muito branco" ressalta ali uma trama ficcional que guarda relações temático-semânticas e discursivas tanto com o mito quanto com o conto maravilhoso, o que, em consequência, constitui e faz ressoar a força da polissemia da palavra e da escritura rosiana.
Este trabalho conduz a uma visada literária e cultural, em que os olhares se voltam para as obras Pedro Páramo, de Rulfo e "Sarapalha", de G. Rosa, buscando compreender valor de duas produções distanciadas pelo espaço de uma realidade geográfica mas, entretanto, próximas por interações e diálogos.
A imagem poética, graças a essa realidade nova que representa, permite ao leitor ver diferentemente, ver outras coisas que a palavra esconde e, nessa diferença, a imagem impõe um reconhecimento e uma representação de mundo mais ampla, exigindo uma disponibilidade e uma abertura que, em última análise, são compartilhadas pelo poeta e seu leitor. Nesse caso, partindo-se do texto “Partida do audaz navegante”, contido em Primeiras estórias, de Guimarães Rosa, espera-se verificar as diferentes formas de representação poética na narrativa ficcional de Rosa, observando, para tanto, os elementos e estruturas literárias e discursivas. Com a contribuição bibliográfica de críticos e teóricos renomados, espera-se desenhar algumas linhas de força que fazem do texto de Rosa uma experiência de prosa e poesia.
Este trabalho pretende sugerir mais uma leitura sobre “A escova e a dúvida”, um dos quatro prefácios de Tutameia - obra de Guimarães Rosa que apresenta uma maturidade e um hermetismo próprios das geniais e astuciosas armadilhas com os quais o escritor-sertanejo instiga seus leitores. Com esse olhar, pode-se observar uma nova perspectiva sobre o fazer literário, baseada em uma relação de reconhecimento, interlocução e aceitação de inúmeros componentes ideológicos e interdisciplinares, que se conjugam e se complementam para a formação de discursos dialógicos e plurais. Estes, por sua vez, acabam se tornando elementos significativos para o reconhecimento de um novo e ousado expediente literário, a conjugar a invenção e a opacidade como interlocutores de um projeto de sensibilidade ímpar, moderno e contemporâneo. Nesse sentido, espera-se argumentar que tal projeto, expresso em parte no citado texto, abdica dos princípios canônicos e tradicionalmente aceitos como esteticamente válidos para