Estudo da sabedoria chinesa em Primeiras Estórias a partir de elementos de linguagem que, devidamente avaliados, constituem o ponto nevrálgico da trama e da cosmovisão da obra. Fazendo-se sentir por todos os seus poros -léxicos, sintáticos e poéticos - embora hegemônica, o livro não se restringe àquela sabedoria. Seguindo a tradição crítica, o autor indica, na Introdução, pontos distintivos e de contacto no profundo e constante diálogo com religiões como o cristianismo e o budismo, outras filosofias como o existencialismo, o platonismo e mesmo a sabedoria pré-socrática. Diferenças e semelhanças incidem decisivamente no estilo utilizado pelo escritor mineiro. o "foco narrativo", constituinte do olhar infantil, articula a fatura da prosa poética e da cosmovisão e, portanto é o elemento dinamizador e de descanso propagado pelo "amarelinho" - jeito carinhoso de Guimarães Rosa denominar Primeiras Estórias. As estórias escolhidas para exame procuram revelar a estruturação da obra e os principais temas narrativos: a constituição e construção do novo homem, o governo dos "homens verdadeiros", a transitoriedade da vida e a superação do medo, a graça e a predestinação, o encanto infantil. Finalizando, o texto procura amarrar pontos e aspectos revelados sem transformá-Ios em nós, porque as estórias roseanas indicam o eterno refazer da vida e não se estaria fazendo jus a elas concluir a dissertação de modo axiomático.
Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais
O objeto de nosso trabalho consiste em penetrar na obra literária Grande Sertão: Veredas sob a perspectiva da política. E, como tal, precisamos partir da mediação do narrador, desdobramento do romancista, que comunica o seu pensamento. Narrativa que se utiliza de instrumentais político, jurídico, histórico e intensos recursos literários. Nos últimos vinte anos, a excelência dos estudos e ensaios sob a perspectiva política acerca da obra de Guimarães Rosa vem sendo acompanhada pela conhecida diversidade de temas de seus livros. Riobaldo carrega polissemias em seu nome já destacadas por diversos críticos e ensaístas; de modo semelhante, os seus apelidos. No nosso estudo, Baldo e Secretário indicam o peso e o papel do direito e da guerra no romance que, por sua vez, nos leva a um conjunto de índices que aponta para um modo não habitual de prova: aquilo que pesa pouco, que pouco aparece ou, então, que alguns achados vão sendo deixados estrategicamente ao longo do texto; ou, ainda, índices depurados de sua história. Eles provam mais porque difíceis de serem percebidos; uma vez que sejam, confirmam com mais força aquilo fácil de ver. Essa metodologia se adéqua a uma obra em que as relações subordinadas são enfraquecidas; ou ainda, as relações se efetivam sutilmente, ao modo de um móbile. Através de sua língua própria, o autor nos traz as artes da linguagem e do direito que imprimirão a Arte de Governar.